A celebração da Vigília de Pentecostes ocupa um lugar especial na vida litúrgica da Igreja. Inspirada na Vigília Pascal, ela nos convida a entrar em oração, em clima de expectativa e recolhimento, como os apóstolos e Maria no Cenáculo, à espera do cumprimento da promessa do Ressuscitado: o envio do Espírito Santo.
Pentecostes, celebrado cinquenta dias após a Páscoa, marca o nascimento da Igreja. Ao contrário de uma espera passiva, a Vigília é momento de oração fervorosa, abertura do coração e renovação espiritual. Os discípulos, antes tímidos e fechados por medo, saem cheios de coragem e alegria após o derramamento do Espírito. A mesma graça é oferecida a nós, hoje.
A liturgia da Vigília de Pentecostes é estruturada com várias leituras do Antigo Testamento, semelhantes ao que acontece na Vigília Pascal. Elas narram a ação de Deus na história da salvação e preparam o coração para o Evangelho, onde Cristo promete o Paráclito. O Espírito é apresentado como vento impetuoso, fogo, água viva, luz que ilumina, dom que transforma.
Essa liturgia é um convite à escuta da Palavra e à súplica profunda: “Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis!”
Maria, presente no Cenáculo com os apóstolos, é modelo de espera confiante. Aquela que concebeu Jesus pelo Espírito é também aquela que aguarda com a Igreja a plenitude desse mesmo Espírito. Com ela, aprendemos a vigiar com fé, a esperar com esperança, a acolher com amor.
Vivemos tempos marcados por divisões, violências e desafios espirituais. Por isso, a invocação do Espírito Santo não é apenas tradição: é necessidade vital para a Igreja e para o mundo. A Vigília é o momento de pedir um novo Pentecostes sobre nossas famílias, comunidades, lideranças eclesiais, jovens e missionários. Que o Espírito reavive os dons e carismas, renove a face da terra e suscite discípulos ousados e fiéis.
A oração da Vigília não termina ali. Ela lança os fiéis à missão, com os frutos do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (cf. Gl 5,22-23). Celebrar Pentecostes é comprometer-se com a vida nova no Espírito, testemunhando Cristo com palavras e obras, como sal e luz no mundo.
Celebrar a Vigília de Pentecostes é mais do que relembrar
um acontecimento passado. É reviver o mistério da presença
transformadora do Espírito Santo entre nós. Que esta noite santa
reacenda em cada fiel o fogo da fé, a coragem da missão e a alegria do
Evangelho. Como Igreja, sigamos unidos em oração, para que o mundo creia
e para que, guiados pelo Espírito, sejamos verdadeiramente testemunhas
de Cristo.
+Anuar Battisti Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
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