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Dom Anuar Batisti
Formado em filosofia no Paraná e em teologia pela Pontifícia Universidade Lateranense de Roma, Dom Anuar Battisti é Arcebispo Emérito de Maringá (PR). Em 15 de abril de 1998, por escolha do papa João Paulo II, foi nomeado bispo diocesano de Toledo, sendo empossado no mesmo dia da ordenação episcopal, em 20 de junho daquele ano. Em 2009 recebeu o título de Doutor Honoris Causa, um dos mais importantes, concedidos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Em 2007, foi presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Sagrada, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em 2015, foi membro do Conselho Administrativo da Pastoral da Criança Internacional e, ainda na CNBB, foi delegado suplente. No Conselho Episcopal Latino-Americano atuou como Presidente do Departamento das Vocações e Ministérios, até 2019.

Julho: tempo de descanso, comunhão e crescimento na fé

 O mês de julho, tradicionalmente associado ao período de férias escolares, pode e deve ser também uma oportunidade preciosa para o cultivo da vida cristã, sobretudo entre crianças, adolescentes e jovens. Enquanto muitos aproveitam o recesso para viajar, descansar ou se divertir, a Igreja convida os fiéis a reconhecerem neste tempo um dom de Deus: um tempo mais livre para estar com a família, aprofundar os laços comunitários e crescer na amizade com Cristo.

Do ponto de vista litúrgico, julho é um mês sem grandes solenidades no calendário geral da Igreja, mas isso não significa que seja espiritualmente vazio. Pelo contrário. Em julho celebramos a memória de importantes santos e santas, como Santa Isabel de Portugal (4/7), São Bento (11/7) — patrono da Europa e pai do monaquismo ocidental —, Nossa Senhora do Carmo (16/7), Santa Maria Madalena (22/7) e São Tiago Maior (25/7), além dos Santos Joaquim e Ana (26/7), pais da Virgem Maria e avós de Jesus, celebrados como padroeiros dos avós. Essas datas oferecem ocasiões especiais para catequese, momentos de oração e celebração que ajudem os jovens a compreender a beleza da santidade e o valor do testemunho cristão.

Além da vivência litúrgica, o mês de julho pode ser riquíssimo em atividades pastorais, recreativas e formativas, especialmente pensadas para os estudantes que, com mais tempo livre, se abrem mais facilmente à convivência comunitária. Muitos grupos de jovens, catequeses, movimentos paroquiais e congregações religiosas organizam retiros, acampamentos, missões, formações bíblicas, oficinas artísticas e ações sociais, que se tornam oportunidade de evangelização, descoberta vocacional e fortalecimento da identidade cristã.

É justamente nesse contexto que entra a responsabilidade das famílias cristãs. Os pais e responsáveis têm um papel essencial em incentivar os filhos a participarem dessas atividades, ajudando-os a perceber que a fé não se vive apenas dentro do templo ou nas aulas de catequese, mas em cada momento da vida. Investir tempo em experiências paroquiais, construir amizades cristãs, aprender a servir aos mais pobres e rezar com os outros é um patrimônio que marca positivamente toda a trajetória de vida de uma criança ou jovem.

Muitas comunidades oferecem também colônias de férias com espiritualidade, encontros intergeracionais, tardes de louvor e oficinas que unem lazer, cultura e evangelho. Para os adolescentes, podem ser organizadas experiências missionárias locais, visitas a asilos, creches ou hospitais, sempre acompanhados por adultos. Essas iniciativas não apenas tiram os jovens do isolamento e da ociosidade, como os aproximam do ideal cristão de serviço e comunhão.

Nesse tempo, também é importante cultivar a vida de oração pessoal e familiar. As férias não devem ser férias da fé. Rezar juntos em casa, ler uma passagem bíblica em família, participar das missas dominicais com mais calma e atenção — tudo isso reforça os laços de unidade entre pais e filhos, entre irmãos, entre gerações. Aproveitar o tempo livre para visitar igrejas, santuários e locais históricos ligados à fé cristã pode ser também enriquecedor.

Por fim, o mês de julho pode nos ensinar que descanso e fé caminham juntos. Como dizia São Bento, “ora et labora” — reza e trabalha —, mas também é preciso saber parar, contemplar, escutar a Deus no silêncio e no convívio fraterno. Que os dias mais tranquilos e lentos de julho abram espaço para escutar a voz do Senhor, que sempre nos chama a estar com Ele. E que nossas paróquias sejam cada vez mais espaços acolhedores, vivos e criativos, onde a juventude encontre sentido, pertença e missão.

Que este mês de julho seja, para nossas comunidades, tempo de proximidade com Deus e com os irmãos. Tempo de semear o bem no coração dos jovens. Tempo de ser Igreja viva, alegre e em saída — também nas férias.

+Anuar Battisti Arcebispo Emérito de Maringá (PR) 

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