O mês de julho, tradicionalmente associado ao período de férias escolares, pode e deve ser também uma oportunidade preciosa para o cultivo da vida cristã, sobretudo entre crianças, adolescentes e jovens. Enquanto muitos aproveitam o recesso para viajar, descansar ou se divertir, a Igreja convida os fiéis a reconhecerem neste tempo um dom de Deus: um tempo mais livre para estar com a família, aprofundar os laços comunitários e crescer na amizade com Cristo.
Do ponto de vista litúrgico, julho é um mês sem grandes solenidades no calendário geral da Igreja, mas isso não significa que seja espiritualmente vazio. Pelo contrário. Em julho celebramos a memória de importantes santos e santas, como Santa Isabel de Portugal (4/7), São Bento (11/7) — patrono da Europa e pai do monaquismo ocidental —, Nossa Senhora do Carmo (16/7), Santa Maria Madalena (22/7) e São Tiago Maior (25/7), além dos Santos Joaquim e Ana (26/7), pais da Virgem Maria e avós de Jesus, celebrados como padroeiros dos avós. Essas datas oferecem ocasiões especiais para catequese, momentos de oração e celebração que ajudem os jovens a compreender a beleza da santidade e o valor do testemunho cristão.
Além da vivência litúrgica, o mês de julho pode ser riquíssimo em atividades pastorais, recreativas e formativas, especialmente pensadas para os estudantes que, com mais tempo livre, se abrem mais facilmente à convivência comunitária. Muitos grupos de jovens, catequeses, movimentos paroquiais e congregações religiosas organizam retiros, acampamentos, missões, formações bíblicas, oficinas artísticas e ações sociais, que se tornam oportunidade de evangelização, descoberta vocacional e fortalecimento da identidade cristã.
É justamente nesse contexto que entra a responsabilidade das famílias cristãs. Os pais e responsáveis têm um papel essencial em incentivar os filhos a participarem dessas atividades, ajudando-os a perceber que a fé não se vive apenas dentro do templo ou nas aulas de catequese, mas em cada momento da vida. Investir tempo em experiências paroquiais, construir amizades cristãs, aprender a servir aos mais pobres e rezar com os outros é um patrimônio que marca positivamente toda a trajetória de vida de uma criança ou jovem.
Muitas comunidades oferecem também colônias de férias com espiritualidade, encontros intergeracionais, tardes de louvor e oficinas que unem lazer, cultura e evangelho. Para os adolescentes, podem ser organizadas experiências missionárias locais, visitas a asilos, creches ou hospitais, sempre acompanhados por adultos. Essas iniciativas não apenas tiram os jovens do isolamento e da ociosidade, como os aproximam do ideal cristão de serviço e comunhão.
Nesse tempo, também é importante cultivar a vida de oração pessoal e familiar. As férias não devem ser férias da fé. Rezar juntos em casa, ler uma passagem bíblica em família, participar das missas dominicais com mais calma e atenção — tudo isso reforça os laços de unidade entre pais e filhos, entre irmãos, entre gerações. Aproveitar o tempo livre para visitar igrejas, santuários e locais históricos ligados à fé cristã pode ser também enriquecedor.
Por fim, o mês de julho pode nos ensinar que descanso e fé caminham juntos. Como dizia São Bento, “ora et labora” — reza e trabalha —, mas também é preciso saber parar, contemplar, escutar a Deus no silêncio e no convívio fraterno. Que os dias mais tranquilos e lentos de julho abram espaço para escutar a voz do Senhor, que sempre nos chama a estar com Ele. E que nossas paróquias sejam cada vez mais espaços acolhedores, vivos e criativos, onde a juventude encontre sentido, pertença e missão.
Que este mês de julho seja, para nossas comunidades, tempo de proximidade com Deus e com os irmãos. Tempo de semear o bem no coração dos jovens. Tempo de ser Igreja viva, alegre e em saída — também nas férias.
+Anuar Battisti Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
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