Irmãos e irmãs em Cristo,
Reunimo-nos nesta noite santa para celebrar a Assunção da Santíssima Virgem Maria, mistério de esperança e de vitória, antecipação do destino glorioso que também é prometido a nós, que ouvimos e vivemos a Palavra de Deus.
A primeira leitura nos fala de Davi conduzindo a Arca da Aliança para Jerusalém (1Cr 15,3-4.15-16; 16,1-2). A Arca, sinal da presença de Deus no meio do povo, era revestida de ouro e guardava as tábuas da Lei. Hoje, porém, contemplamos Maria como a verdadeira Arca da Nova Aliança: em seu seio não esteve apenas a Lei escrita em pedra, mas o próprio Filho de Deus vivo, a Palavra feita carne. Por isso, assim como a antiga Arca foi conduzida em procissão com cânticos, também nós louvamos Maria, conduzida por Deus à glória do céu.
O salmo retoma esse simbolismo, proclamando: “Subi, Senhor, para o lugar de vosso pouso, subi vós com vossa arca poderosa” (Sl 131). A Igreja vê nesse versículo uma profecia do destino de Maria: aquela que foi a morada do Altíssimo, a Arca viva, não poderia conhecer a corrupção da sepultura.
Na segunda leitura, São Paulo proclama a vitória de Cristo sobre a morte (1Cor 15,54b-57). A ressurreição de Jesus é a chave que nos abre as portas da vida eterna. E se Cristo venceu a morte, Maria, unida de modo único ao seu Filho, participa plenamente dessa vitória. A Assunção é, portanto, um sinal de consolação para nós: em Maria já se realizou aquilo que esperamos – a ressurreição e a glorificação.
O Evangelho (Lc 11,27-28) nos recorda que a grandeza de Maria não está apenas na maternidade biológica, mas sobretudo em sua escuta e obediência à Palavra: “Felizes os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática”. Ela foi Mãe porque acreditou, porque se abriu ao projeto de Deus, porque disse “sim”. A glória de Maria é fruto dessa fidelidade.
Queridos irmãos e irmãs, a Vigília da Assunção nos convida a olhar para o céu sem perder os pés na terra. Maria foi elevada em corpo e alma porque viveu plenamente a fé, a esperança e o amor. Nela vemos a realização da promessa de Deus e o destino da Igreja.
Celebrar esta solenidade é também renovar nossa confiança: se permanecermos fiéis ao Senhor, se acolhermos sua Palavra e a pusermos
em prática, também nós seremos transformados, seremos revestidos da vitória sobre a morte, participaremos da vida eterna junto a Cristo e Maria.
Que a Virgem Assunta nos ajude a viver como verdadeiras arcas do Senhor, guardando sua Palavra em nosso coração e testemunhando-a com nossas obras. Nossa Senhora da Glória intercedei a Deus por nós!
Amém.
+Anuar Battisti Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
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