No Sermão da Montanha, Jesus declara: “Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte” (Mt 5,14).
A vida consagrada é exatamente isso: uma luz que não se apaga, mesmo nas noites mais escuras da humanidade. Religiosas e religiosos, vivendo os conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência, tornam-se sinais luminosos de que Deus continua a agir no meio do seu povo. Sua vida é um anúncio silencioso, mas eloquente, de que Cristo é suficiente e de que o Reino de Deus já está presente entre nós.
O Espírito Santo, que é criador de comunhão, faz nascer ao longo da história uma grande diversidade de carismas: ordens monásticas que sustentam o mundo pela oração; congregações missionárias que levam o Evangelho aos confins da terra; institutos voltados para a educação, a saúde e a promoção humana; novas comunidades que evangelizam por meio da arte, da música e do acolhimento.
São Paulo nos recorda: “A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum” (1Cor 12,7).
Cada carisma é uma resposta concreta às necessidades de seu tempo e continua sendo um dom para a Igreja e para o mundo.
Vivemos tempos de mudanças aceleradas, de crises sociais e de feridas espirituais profundas. É justamente nesses momentos que a vida consagrada revela sua missão profética:
· A pobreza evangélica denuncia a idolatria do dinheiro e do poder.
· A castidade consagrada proclama que é possível amar com liberdade e universalidade.
· A obediência ensina que a verdadeira liberdade está em fazer a vontade do Pai.
O profeta Isaías já anunciava: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu; enviou-me para anunciar a Boa-Nova aos pobres, curar os corações feridos” (Is 61,1).
Assim também cada consagrado é chamado a ser presença curadora e libertadora, testemunha viva do amor que não passa.
O Terceiro Domingo da Vida Consagrada não é apenas uma data para os religiosos. É uma oportunidade para toda a comunidade cristã reconhecer, valorizar e apoiar este dom. É também um momento de intercessão: rezar para que novos corações se abram ao chamado de Jesus. A semente vocacional precisa de terra boa, e esta terra boa é uma comunidade que acolhe, encoraja e acompanha.
O Papa Francisco nos recorda: “A vida consagrada é a antítese de uma Igreja mundana. É o seu coração pulsante, que nos lembra que a missão é sempre sair de si para ir ao encontro do outro”.
Neste domingo, elevemos nossa gratidão a Deus por todos aqueles e aquelas que, ao longo dos séculos, entregaram suas vidas inteiramente ao Senhor. Que possamos, como Igreja, cuidar desse dom e permitir que ele continue florescendo para as futuras gerações.
E que o exemplo dos consagrados nos inspire a viver, cada um em sua vocação, com a mesma radicalidade de São Paulo:
“Para mim, viver é Cristo, e morrer é lucro” (Fl 1,21).
+Anuar Battisti Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
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