No dia 18 de outubro, a Igreja celebra com alegria a
festa litúrgica de São
Lucas Evangelista,
e junto com ela recordamos o Dia dos Médicos. A coincidência dessas duas comemorações não é
casual, pois Lucas, além de evangelista e companheiro de missão de São Paulo,
era médico de
profissão. A
tradição cristã sempre o reconheceu como o patrono dos médicos e de todos os
profissionais da saúde, pois soube unir a ciência e a fé, o conhecimento e a caridade, o cuidado do corpo e a salvação da alma.
Lucas, com sua sensibilidade humana e espiritual,
transmitiu no Evangelho o rosto misericordioso de Cristo. Foi o evangelista que
mais destacou o amor de Deus pelos pobres, pelos enfermos, pelos marginalizados
e pelos pecadores. Seu texto é repleto de gestos de ternura: o bom samaritano
que cuida do ferido, o pai que acolhe o filho pródigo, Jesus que se aproxima
dos leprosos, das mulheres e dos publicanos. Em cada página, encontramos um
olhar compassivo — o mesmo olhar que deve inspirar todos os que se dedicam ao
serviço da saúde.
O médico, à semelhança de Lucas, é chamado a ser um instrumento da misericórdia divina. O toque de suas mãos, a escuta atenta
e o olhar humano diante da dor alheia tornam-se sinais da presença de Deus que
cura e conforta. A medicina é uma vocação que vai além da técnica; é ministério
de vida. Por isso, celebrar este dia é também agradecer e rezar por todos os médicos, que tantas vezes, em meio ao cansaço
e às limitações, colocam-se a serviço do bem, especialmente dos mais
vulneráveis.
A figura de São Lucas recorda que a verdadeira cura
acontece quando se unem o saber científico e o amor fraterno. A ciência, quando
iluminada pela fé, torna-se um caminho de santificação e serviço. O saudoso Papa
Francisco costumava repetir que “cuidar é mais que um ato; é uma atitude de
quem se sente responsável pelo outro”. Assim, o médico cristão é convidado
a ser um sinal do
Cristo Médico das almas e dos corpos, que não apenas cura, mas salva, consola e dá sentido
à dor.
Em tempos em que a saúde pública enfrenta tantos
desafios, e a vida humana é frequentemente tratada como um número ou
estatística, São Lucas nos convida a resgatar o valor sagrado da pessoa humana. Cada enfermo é uma história, um rosto
amado por Deus. Cada gesto de cuidado é uma forma de prolongar a compaixão de
Cristo no mundo.
A todos os médicos e médicas, minha gratidão e bênção.
Que o exemplo de São Lucas inspire o exercício diário da profissão como testemunho do amor de Deus, com sabedoria, humildade e
sensibilidade. Que em cada hospital, clínica ou consultório, se possa perceber
que a medicina é também um ato de fé e de esperança.
Que São Lucas interceda por todos os profissionais da
saúde, fortalecendo-os em sua missão de cuidar da vida e aliviar o sofrimento
humano. E que cada um de nós aprenda com ele a olhar o próximo com o mesmo amor
com que Cristo olhou a humanidade.
“O Senhor me ungiu e enviou-me para curar os corações
feridos.” (Lc
4,18)
+Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá
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