Mensagem de Dom Anuar Battisti para a Semana do Nascituro de 2025
Queridos filhos e filhas, a paz de Cristo, o Bom Pastor!
Ao celebrarmos a Semana Nacional da Vida, nosso coração se volta para uma pergunta essencial que um doutor da Lei fez a Jesus: "E quem é o meu próximo?" (Lc 10,29). A resposta do Mestre, a parábola do Bom Samaritano, ressoa com especial força em nossos dias e nos oferece uma luz para compreender nossa missão diante do dom da vida nascente.
A parábola nos fala de um homem deixado à beira do caminho, ferido e ignorado por aqueles que, por dever ou conveniência, decidiram "passar do outro lado". Hoje, o nascituro é, em muitos aspectos, este viajante anônimo. Sua existência, embora real e pulsante no santuário do ventre materno, é frequentemente ignorada pela indiferença de uma sociedade que acelera o passo, ou relativizada por vozes que não querem se comprometer com sua fragilidade.
O Bom Samaritano, ao contrário, "viu, sentiu compaixão e cuidou dele" (cf. Lc 10,33-34). Este itinerário do coração é o caminho que somos chamados a percorrer.
· Ver: Primeiramente, é preciso ver. Ver com os olhos da fé e da ciência a realidade de uma vida humana única e irrepetível desde o momento da concepção. É um chamado a não desviar o olhar, a não nos acostumarmos com as narrativas que desumanizam o embrião.
· Sentir Compaixão: Em seguida, somos movidos à compaixão. Não uma piedade distante, mas o sentimento profundo que nos une ao outro, que nos faz sentir a sua vulnerabilidade como nossa. Esta compaixão nos leva à oração, a colocar diante de Deus a vida de cada gestante e de cada criança que está para nascer.
· Cuidar: Por fim, a compaixão nos impulsiona ao cuidado. Cuidar é o verbo do amor. Cuidar do nascituro significa, inseparavelmente, cuidar de sua mãe. Significa criar em nossas paróquias e comunidades verdadeiras "hospedarias" de acolhida, onde mulheres que enfrentam uma gravidez difícil encontrem amparo
material, apoio psicológico e, acima de tudo, o abraço de uma família que não julga, mas que ama e ajuda a celebrar a vida.
O cuidado com o nascituro é o ápice de uma ecologia humana integral. Não podemos, de consciência tranquila, defender a natureza, os rios e os animais, e ao mesmo tempo sermos indiferentes à sorte da vida humana mais indefesa. O grito do nascituro é o grito mais silencioso e, talvez por isso, o mais urgente de toda a criação.
O amor de Deus por nós é a garantia do valor de cada vida. Ele, que não se esquece de nós, nos assegura pelo profeta: "Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? Não ter ternura pelo fruto de suas entranhas? Ainda que ela se esquecesse, eu não me esqueceria de ti" (Is 49,15). É este amor incondicional que somos chamados a espelhar em nossas ações.
Que nesta Semana do Nascituro de 2025, o Espírito Santo nos conceda a coragem do Bom Samaritano. Que não passemos ao largo, mas que tenhamos a ousadia de nos aproximar, de nos comprometer e de sermos testemunhas do Evangelho do Cuidado.
Confiemos esta nobre causa à intercessão de Maria, Mãe do Perpétuo Socorro, para que ela ampare todas as gestantes e nos ensine a ser, como seu Filho Jesus, verdadeiros guardiões da vida de nossos irmãos.
Com minha bênção e minhas orações,
+Anuar Battisti Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
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