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Dom Anuar Batisti
Formado em filosofia no Paraná e em teologia pela Pontifícia Universidade Lateranense de Roma, Dom Anuar Battisti é Arcebispo Emérito de Maringá (PR). Em 15 de abril de 1998, por escolha do papa João Paulo II, foi nomeado bispo diocesano de Toledo, sendo empossado no mesmo dia da ordenação episcopal, em 20 de junho daquele ano. Em 2009 recebeu o título de Doutor Honoris Causa, um dos mais importantes, concedidos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Em 2007, foi presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Sagrada, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em 2015, foi membro do Conselho Administrativo da Pastoral da Criança Internacional e, ainda na CNBB, foi delegado suplente. No Conselho Episcopal Latino-Americano atuou como Presidente do Departamento das Vocações e Ministérios, até 2019.

27º Domingo do Tempo Comum - Ano B


Neste 27º Domingo do Tempo Comum – Ano B, a Palavra de Deus nos convida a refletir sobre o matrimônio, a união do homem e da mulher segundo o plano original de Deus, e o valor da vida em família. A liturgia destaca a importância do amor conjugal, da fidelidade e da harmonia no lar, tudo isso baseado na criação e na dignidade do ser humano.

Na primeira leitura (Gênesis 2,18-24), ouvimos a narrativa da criação da mulher, tirada da costela do homem. Deus percebe que não é bom que o homem esteja sozinho e, por isso, cria uma "ajuda adequada" para ele. O texto expressa a igualdade e a complementaridade entre o homem e a mulher. Eles são carne da mesma carne, formados por Deus para viver em comunhão. A frase "os dois serão uma só carne" expressa a unidade profunda e indissolúvel do matrimônio, que está no coração do plano de Deus.

Jesus reforça essa ideia no Evangelho de Marcos 10,6-9, quando diz: "Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e os dois serão uma só carne. Portanto, já não são dois, mas uma só carne. Assim, o que Deus uniu, o homem não deve separar." (Marcos 10,7-9).

Jesus não só reafirma o plano original de Deus para o matrimônio como também eleva essa união à dignidade de sacramento. No matrimônio cristão, a aliança entre o homem e a mulher reflete o amor de Cristo pela sua Igreja, um amor fiel e sacrificial.

A segunda leitura, de Hebreus 2,9-11, nos lembra que Jesus se fez semelhante a nós para nos elevar à glória. Ele se tornou irmão da humanidade e, assim, santificou a família humana. Essa leitura nos convida a ver o matrimônio e a vida familiar como caminhos de santidade. A vida conjugal e familiar não é isenta de desafios, mas com a graça de Deus, ela pode ser um verdadeiro caminho para a santificação, onde o amor, o perdão e a paciência são exercitados diariamente.

O Salmo 127(128) canta a bem-aventurança de quem teme o Senhor e vive segundo seus preceitos. Ele descreve a felicidade de uma vida familiar em Deus, onde a paz, a prosperidade e a fecundidade são frutos da bênção divina:

"Tua esposa será como videira fecunda no coração da tua casa; teus filhos serão como brotos de oliveira ao redor da tua mesa." (Salmo 127,3).

Este salmo nos mostra que a família é um dom precioso de Deus, e que a vida em comum, quando vivida com amor e fidelidade, gera frutos de alegria e de bênção.

No final do Evangelho de Marcos (10,13-16), vemos Jesus acolhendo as crianças e dizendo: "Deixai as crianças virem a mim, não as impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que são como elas. Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele." (Marcos 10,14-15).

A figura da criança, no contexto familiar, é um exemplo de confiança e dependência de Deus. As crianças confiam plenamente nos pais, e Jesus nos convida a termos essa mesma confiança em Deus. Ele nos ensina que, para entrar no Reino de Deus, devemos acolhê-lo com o coração simples e confiante de uma criança, sem nos encher de orgulho ou autossuficiência.

A Palavra de Deus neste 27º Domingo do Tempo Comum nos chama a revermos nossa visão sobre o matrimônio e a vida familiar. O matrimônio é uma união sagrada, uma aliança de amor que reflete a união de Cristo com a Igreja. Deus abençoa essa união e a vida familiar com bênçãos de paz e alegria.

Que possamos, à luz das leituras de hoje, renovar nosso compromisso com a nossa família, com nossos cônjuges, e viver o matrimônio como caminho de santificação. Que nossas famílias sejam verdadeiras igrejas domésticas, onde Deus é amado, e onde a fé, o amor e a esperança são vividos de maneira concreta.

Amém.

+Anuar Battisti Arcebispo Emérito de Maringá (PR)

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