Amados irmãos e irmãs, neste 28º Domingo do Tempo Comum, o Evangelho de Mateus 22,1-14 nos apresenta a parábola do banquete nupcial, uma história repleta de significados que nos convida a refletir sobre o Reino de Deus e nossa resposta ao Seu chamado.
Jesus compara o Reino dos Céus a um rei que preparou uma grande festa de casamento para seu filho. Ele enviou seus servos para chamar os convidados, mas estes recusaram o convite. Alguns, ocupados com seus próprios interesses, ignoraram o chamado, enquanto outros reagiram com violência contra os servos. O rei, então, envia seus servos novamente, desta vez chamando todos, bons e maus, para participarem da festa.
Essa parábola nos fala, em primeiro lugar, sobre a generosidade e a amplitude do chamado de Deus. Ele convida todos para participar do banquete, que é um símbolo do Reino dos Céus. Deus deseja que todos nós, sem exceção, façamos parte de Sua festa, de Sua alegria eterna. Este convite é dado a cada um de nós de forma pessoal, assim como ouvimos em Isaías 25,6-10, que descreve a visão de Deus preparando um banquete de iguarias e vinhos para todos os povos. O Senhor nos chama a estar com Ele, a compartilhar de Sua plenitude.
Contudo, a parábola também nos alerta para a nossa resposta a esse chamado. Vemos que muitos dos primeiros convidados rejeitaram o convite do rei, preferindo cuidar de seus negócios ou atividades diárias. Isso nos lembra que, muitas vezes, também estamos ocupados demais com nossas próprias preocupações, tão absorvidos por nossas rotinas e ambições, que acabamos negligenciando o chamado de Deus. O Senhor nos chama continuamente, mas nem sempre damos a devida atenção. Não é por acaso que Jesus nos diz em Mateus 6,33: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”
Além disso, a parábola inclui uma parte intrigante, quando o rei, ao verificar seus convidados, encontra um homem que não estava usando a veste nupcial. Este homem é expulso do banquete, sendo lançado nas trevas. O que essa veste representa? Ela simboliza a preparação e o compromisso que devemos ter ao responder ao chamado de Deus. Não basta apenas aceitar o convite e comparecer à festa; é necessário estar preparado, revestidos das vestes de fé
e justiça. Como nos lembra São Paulo em Efésios 4,24, somos chamados a “revestir-nos do homem novo, criado segundo Deus, em justiça e santidade.”
Essa parte final da parábola nos faz refletir sobre a seriedade do nosso compromisso com Deus. Não podemos participar do Reino de Deus de forma indiferente ou superficial. Deus nos oferece Sua graça, mas espera de nós uma resposta sincera, uma vida transformada. A veste nupcial é um símbolo dessa transformação interior que somos chamados a viver ao aceitar o convite de Deus.
Hoje, portanto, somos convidados a refletir: como estamos respondendo ao convite de Deus? Estamos realmente colocando o Reino de Deus em primeiro lugar em nossas vidas? Ou estamos, como os primeiros convidados, distraídos com as preocupações e interesses deste mundo?
Que possamos, nesta Eucaristia, renovar nosso compromisso com o Senhor. Ele nos convida a um banquete de amor, a uma vida de comunhão com Ele. Que não apenas aceitemos Seu convite, mas que também nos preparemos para estar devidamente vestidos com as virtudes de Cristo, vivendo com fé, justiça e caridade.
Que Nossa Senhora interceda por nós, para que possamos responder com generosidade e fidelidade ao chamado do Senhor, e assim participar, um dia, do grande banquete do Reino dos Céus. Amém.
+Anuar Battisti Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
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