Queridos irmãos e irmãs, neste 31º Domingo do Tempo Comum, somos convidados a refletir sobre um dos ensinamentos mais profundos de nosso Senhor Jesus Cristo: a primazia do amor. No Evangelho de Marcos (Mc 12, 28b-34), vemos um escriba se aproximar de Jesus, questionando sobre qual é o maior mandamento. A resposta de Jesus é clara e direta: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a alma, de todo o entendimento e de todas as tuas forças. Este é o principal mandamento. E o segundo é semelhante a este: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12, 30-31).
Este mandamento resume toda a Lei e os Profetas, mostrando que o amor é a essência da nossa fé. O amor a Deus deve ser total, incondicional e abrangente. Quando Jesus fala em amar a Deus com todo o coração, alma e forças, Ele nos chama a dedicar nosso ser inteiro a Deus, colocando-O acima de tudo em nossas vidas. Isso implica não apenas em devoção pessoal, mas também em ações que reflitam esse amor. Como São João nos lembra: "Se alguém disser: Eu amo a Deus, mas odiar seu irmão, é mentiroso" (1 Jo 4, 20). O amor deve ser vivido e manifestado em nossas relações com os outros.
A primeira leitura de hoje, do livro de Deuteronômio (Dt 6, 2-6), reforça a importância de transmitir esse amor e fidelidade a Deus para as próximas gerações. Moisés instrui o povo a guardar os mandamentos de Deus em seu coração e a ensiná-los aos filhos. Isso nos lembra da responsabilidade que temos como comunidade de fé em formar nossos jovens e crianças, para que também conheçam e amem a Deus.
A segunda leitura, da carta aos Hebreus (Hb 7, 23-28), nos apresenta Jesus como o Sumo Sacerdote, que se oferece a si mesmo como sacrifício por nós. O amor de Deus se revela na entrega total de Jesus, que se torna a ponte entre Deus e a humanidade. Ao meditar sobre este sacrifício, somos chamados a refletir sobre como estamos respondendo a esse amor. A entrega de Jesus nos convoca a um compromisso radical com o amor, não só para com Deus, mas também para com os nossos irmãos e irmãs.
É importante lembrar que amar ao próximo é um desafio constante. Muitas vezes, encontrar o amor em nosso coração pode ser difícil, especialmente em tempos de conflito, desavenças ou indiferença. No entanto, o chamado de Jesus é claro: devemos amar mesmo aqueles que nos são difíceis de amar. Isso não significa aceitar tudo que é feito, mas, sim, olhar para o outro com um olhar de misericórdia e compaixão. Assim, Jesus nos desafia a superar nossos preconceitos, a derrubar muros que nos separam e a construir pontes de diálogo e compreensão.
Como comunidade, devemos nos perguntar: como podemos viver este amor em nossas ações cotidianas? Como podemos ser instrumentos de paz e unidade em um mundo tão dividido? A resposta pode ser simples, mas exige coragem. Começa com pequenos gestos: um sorriso, uma palavra gentil, a disposição de ouvir e entender o outro. Cada um de nós tem um papel importante a desempenhar na edificação do Reino de Deus aqui na Terra.
Ao celebrarmos a Eucaristia, somos alimentados pelo Corpo e Sangue de Cristo. Esta é a fonte do nosso amor e da nossa força para vivê-lo. Que, ao nos aproximarmos da mesa do Senhor, possamos pedir a graça de amar como Ele amou. Que possamos levar essa missão adiante, fazendo de nossas vidas um reflexo do amor divino.
Neste domingo, que possamos renovar nosso compromisso de amar a Deus com todo o nosso ser e a amar ao próximo como a nós mesmos. Que o amor de Cristo nos inspire e nos mova a sermos verdadeiros testemunhas do Evangelho. E, assim, possamos, juntos, construir um mundo mais justo e fraterno, onde o amor seja o principal mandamento em nossas vidas.
Amém.
+Anuar Battisti Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
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