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Dom Anuar Batisti
Formado em filosofia no Paraná e em teologia pela Pontifícia Universidade Lateranense de Roma, Dom Anuar Battisti é Arcebispo Emérito de Maringá (PR). Em 15 de abril de 1998, por escolha do papa João Paulo II, foi nomeado bispo diocesano de Toledo, sendo empossado no mesmo dia da ordenação episcopal, em 20 de junho daquele ano. Em 2009 recebeu o título de Doutor Honoris Causa, um dos mais importantes, concedidos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Em 2007, foi presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Sagrada, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em 2015, foi membro do Conselho Administrativo da Pastoral da Criança Internacional e, ainda na CNBB, foi delegado suplente. No Conselho Episcopal Latino-Americano atuou como Presidente do Departamento das Vocações e Ministérios, até 2019.

O Jubileu da Esperança: Um Tempo de Renovação e Fé


Neste domingo, 29 de dezembro de 2024, a Igreja Católica inicia o Jubileu da Esperança, um momento especial de graça, reconciliação e renovação espiritual. Este Ano Santo, proclamado pelo Papa Francisco, é uma oportunidade única para os cristãos redescobrirem o valor da esperança como virtude que nos sustenta diante das adversidades e nos aproxima de Deus.

Com o tema “A esperança não confunde” (cf. Rm 5,5), o Jubileu convida cada fiel a se tornar um “Peregrino da Esperança”, vivendo a fé com confiança no amor de Deus, que nunca nos abandona.

O conceito de Jubileu remonta à tradição bíblica, especialmente no livro do Levítico (Lv 25), onde Deus ordena ao povo de Israel um tempo de libertação, perdão das dívidas e descanso para a terra. Era um ano santo, marcado pela reconciliação e pela restauração da justiça.

Na tradição cristã, o Jubileu mantém essa essência, sendo um tempo especial para buscar a conversão, experimentar a misericórdia divina e renovar o compromisso com os ensinamentos de Cristo. O Jubileu da Esperança, em particular, nos desafia a olhar para o futuro com confiança, mesmo em meio às dificuldades do mundo atual.

A esperança é uma das virtudes teologais, juntamente com a fé e a caridade. Ela nos conecta à promessa de Deus, sustentando-nos diante das tribulações. Como diz São Paulo:

“A esperança não confunde, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5).

Neste Jubileu, somos chamados a refletir sobre o significado profundo dessa esperança. Não se trata de um otimismo superficial ou de um desejo passageiro, mas de uma confiança sólida e inabalável em Deus, que cumpre Suas promessas.

Em um mundo marcado por guerras, crises sociais e desigualdades, o Jubileu nos lembra que Deus continua presente na história, conduzindo-nos para a plenitude de Seu Reino.

A abertura da Porta Santa em Roma e nas catedrais ao redor do mundo é um gesto carregado de simbolismo. Ao atravessar essa porta, cada fiel é

convidado a renovar sua vida, deixando para trás o pecado e abraçando a graça de Deus.

O ato de atravessar a Porta Santa nos lembra que Cristo é a porta que nos conduz ao Pai (cf. Jo 10,9). Ele nos convida a caminhar em Sua direção, confiando em Sua misericórdia e permitindo que Sua luz transforme nossas vidas.

Reflexões para Viver o Jubileu

1. Reconciliar-se com Deus e com o próximo: O Jubileu é um tempo propício para o Sacramento da Confissão, onde experimentamos a misericórdia divina. Também é uma oportunidade para perdoar e buscar a reconciliação com aqueles que nos feriram.

2. Praticar obras de misericórdia: O Papa Francisco nos lembra que a esperança se manifesta concretamente através da caridade. Ajudar os necessitados, consolar os aflitos e promover a justiça são formas de viver o espírito jubilar.

3. Renovar a fé na Palavra de Deus: Neste Ano Santo, somos chamados a aprofundar nosso conhecimento das Escrituras, encontrando nelas a fonte de nossa esperança.

4. Ser testemunhas da esperança: Em um mundo marcado pelo desespero, os cristãos são chamados a ser luz e sinal de esperança. Isso significa viver com alegria, confiando na providência divina e compartilhando a boa nova do Evangelho.

O Jubileu da Esperança não é apenas um evento litúrgico; é um chamado à transformação pessoal e comunitária. Ele nos desafia a renovar nossa confiança em Deus, a viver com alegria e a sermos agentes de esperança em um mundo que tanto necessita.

Que este Ano Santo seja um tempo de profunda conversão, de reencontro com o amor de Deus e de compromisso com a construção de um mundo mais justo e fraterno.

Que Maria, Mãe da Esperança, nos acompanhe nesta caminhada jubilar, intercedendo por nós e nos ajudando a sermos testemunhas vivas da esperança que não confunde.

Amém.

+Anuar Battisti Arcebispo Emérito de Maringá (PR)

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