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Dom Anuar Batisti
Formado em filosofia no Paraná e em teologia pela Pontifícia Universidade Lateranense de Roma, Dom Anuar Battisti é Arcebispo Emérito de Maringá (PR). Em 15 de abril de 1998, por escolha do papa João Paulo II, foi nomeado bispo diocesano de Toledo, sendo empossado no mesmo dia da ordenação episcopal, em 20 de junho daquele ano. Em 2009 recebeu o título de Doutor Honoris Causa, um dos mais importantes, concedidos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Em 2007, foi presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Sagrada, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em 2015, foi membro do Conselho Administrativo da Pastoral da Criança Internacional e, ainda na CNBB, foi delegado suplente. No Conselho Episcopal Latino-Americano atuou como Presidente do Departamento das Vocações e Ministérios, até 2019.

Santos Inocentes – Testemunhas do Amor de Deus


No dia 28 de dezembro, a Igreja celebra a memória dos Santos Inocentes, os meninos de Belém e arredores que foram mortos por ordem do rei Herodes. Este episódio, descrito no Evangelho de Mateus, é uma das passagens mais impactantes da infância de Jesus: “Herodes, furioso, mandou matar todos os meninos de dois anos para baixo, em Belém e em toda a sua região, conforme o tempo indicado pelos magos” (Mt 2,16).

Essas crianças, que perderam suas vidas por causa do ódio e da insegurança de Herodes, são veneradas como mártires pela Igreja. Mesmo sem compreenderem o significado de sua morte, participaram do mistério da redenção, oferecendo suas vidas em lugar do Menino Jesus. São os primeiros a sofrer por Cristo, antecipando o sacrifício do próprio Salvador, que mais tarde daria sua vida pela humanidade.

A celebração dos Santos Inocentes é um convite à reflexão sobre o valor da vida e a proteção dos mais vulneráveis. Jesus disse: “Quem acolher uma criança em meu nome, estará acolhendo a mim” (Mt 18,5). Essa afirmação nos lembra que cuidar das crianças é uma forma de servir ao próprio Cristo, reconhecendo nelas a pureza e a simplicidade que são características do Reino dos Céus.

A fuga da Sagrada Família para o Egito, narrada em Mateus 2,13-15, é um episódio que complementa a história dos Santos Inocentes. José, obedecendo à mensagem do anjo, levou Maria e Jesus para um lugar seguro, protegendo-os da ameaça de Herodes. Este gesto de coragem e confiança na providência divina nos ensina a importância de sermos protetores da vida e de confiarmos nos planos de Deus, mesmo quando enfrentamos desafios e incertezas.

Além disso, a memória dos Santos Inocentes nos leva a refletir sobre as realidades de nosso tempo. Milhões de crianças ao redor do mundo continuam a sofrer com a violência, o abandono, a fome e a exploração. O Papa Francisco nos recorda: “Cada criança que sofre é um grito que sobe até Deus” (Angelus, 2016). Essa realidade nos desafia a agir, promovendo uma cultura de cuidado e proteção, especialmente para os mais indefesos.

A liturgia deste dia também nos convida a meditar sobre o mistério da inocência e do martírio. Assim como as crianças de Belém deram suas vidas sem saber, somos chamados a oferecer nosso testemunho de fé, confiando que Deus transforma até mesmo o sofrimento em redenção. O apóstolo Paulo

nos lembra: “Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam” (Rm 8,28).

Por fim, a celebração dos Santos Inocentes é um chamado à esperança. Apesar da crueldade de Herodes, o nascimento de Jesus trouxe ao mundo a luz que vence as trevas. “A luz brilha nas trevas, e as trevas não a venceram” (Jo 1,5). Essa luz continua a iluminar nossos caminhos, convidando-nos a confiar no amor de Deus e a sermos instrumentos de paz e justiça.

Que os Santos Inocentes intercedam por nós, ajudando-nos a proteger a vida, a promover a dignidade humana e a construir um mundo mais justo e fraterno. Que possamos aprender com eles a confiar plenamente em Deus e a viver com fé e coragem, mesmo diante das adversidades.

Santos Inocentes, rogai por nós!

+Anuar Battisti Arcebispo Emérito de Maringá (PR)

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