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Mostrando postagens de fevereiro, 2025

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Dom Anuar Batisti
Formado em filosofia no Paraná e em teologia pela Pontifícia Universidade Lateranense de Roma, Dom Anuar Battisti é Arcebispo Emérito de Maringá (PR). Em 15 de abril de 1998, por escolha do papa João Paulo II, foi nomeado bispo diocesano de Toledo, sendo empossado no mesmo dia da ordenação episcopal, em 20 de junho daquele ano. Em 2009 recebeu o título de Doutor Honoris Causa, um dos mais importantes, concedidos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Em 2007, foi presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Sagrada, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em 2015, foi membro do Conselho Administrativo da Pastoral da Criança Internacional e, ainda na CNBB, foi delegado suplente. No Conselho Episcopal Latino-Americano atuou como Presidente do Departamento das Vocações e Ministérios, até 2019.

Quarta-Feira de Cinzas e o Início da Quaresma: Tempo de Conversão e Renovação Espiritual

A Quarta-Feira de Cinzas marca o início da Quaresma, um período de 40 dias de preparação para a Páscoa, a festa central da fé cristã. Neste tempo sagrado, a Igreja nos convida à conversão, ao arrependimento e à renovação espiritual, por meio da oração, do jejum e da caridade. A imposição das cinzas na testa dos fiéis é um dos ritos mais simbólicos da Quarta-Feira de Cinzas. As cinzas são obtidas da queima dos ramos bentos do Domingo de Ramos do ano anterior e são um sinal de humildade e penitência. Ao recebermos as cinzas, ouvimos as palavras: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15) ou “Lembra-te que és pó e ao pó hás de voltar” (Gn 3,19). Essas expressões nos recordam da nossa fragilidade humana e da necessidade de voltarmos nosso coração para Deus. A Quaresma é um tempo de reflexão e mudança interior. Durante esses 40 dias, somos chamados a aprofundar nossa relação com Deus e a reavaliar nossas atitudes. O número 40 tem um significado bíblico profundo, recordando...

7º Domingo do Tempo Comum

A liturgia do 7º Domingo do Tempo Comum no Ano C nos convida a refletir sobre o amor incondicional e a misericórdia que devemos praticar, seguindo o exemplo de Deus. As leituras destacam a necessidade de amar os inimigos e agir com bondade, mesmo diante da adversidade. A Primeira Leitura de hoje é 1 Samuel 26,2.7-9.12-13.22-23. Neste trecho, Davi tem a oportunidade de eliminar seu perseguidor, o rei Saul. Contudo, ele escolhe poupar a vida de Saul, reconhecendo-o como “ungido do Senhor”. Davi demonstra que a verdadeira justiça não se baseia na vingança, mas na misericórdia e no respeito pela vida humana. Este ato nos ensina a confiar nos desígnios de Deus e a evitar retribuir o mal com o mal. No Salmo Responsorial, Salmo 102(103), o salmista exalta a compaixão e a misericórdia de Deus, que perdoa nossas faltas e cura nossas enfermidades. Somos convidados a bendizer ao Senhor e a reconhecer Sua infinita bondade, esforçando-nos para imitar Sua misericórdia em nossas relações diárias. Na ...

Quem ama – em nome de Cristo – sempre perdoa

A liturgia do 7º. Domingo do Tempo Comum desafia-nos a pôr de lado a nossa velha lógica retributiva do “olho por olho, dente por dente”, as nossas contas de mais e de menos para classificarmos os nossos irmãos e as suas ações, e a substituir tudo isso pela lógica do amor. Só assim seremos verdadeiramente filhos do nosso Pai que está no céu. Na missa de hoje a primeira leitura nos prepara para o texto do Evangelho, ponto central da liturgia da Palavra. O amor é o ponto transformador de uma comunidade unida ao seu Senhor. A primeira leitura – 1Sm 26,2.7-9.12-13.22-23 – apresenta-nos Davi, o homem de coração magnânimo. Tendo a possibilidade de eliminar Saul, o inimigo que o perseguia para o matar, Davi decidiu não erguer a mão contra o “ungido do Senhor”. Davi acreditava que a vida pertence a Deus; e só Deus tem o direito de tirar a vida a alguém. O significativo na atitude de Davi é que o amor aos inimigos se revela no perdão. Davi, que era perseguido pelo rei Saul, teve oportunidade de ...

6º Domingo do Tempo Comum

Neste Sexto Domingo do Tempo Comum do Ano C, a liturgia nos convida a refletir sobre as escolhas que fazemos em nossa jornada de fé e como elas nos aproximam ou nos afastam da verdadeira felicidade que Deus nos oferece. Na primeira leitura, o profeta Jeremias nos adverte: "Maldito quem confia no homem e põe na carne toda a sua esperança, afastando o seu coração do Senhor" (Jeremias 17,5). Ele compara essa pessoa a um arbusto solitário no deserto, que não percebe quando chega algo bom. Em contraste, "bendito quem confia no Senhor e põe no Senhor a sua esperança" (Jeremias 17,7), sendo comparado a uma árvore plantada junto às águas, que estende suas raízes para a corrente e não teme o calor, mantendo sua folhagem sempre verde. Esta imagem nos mostra que confiar em Deus nos dá estabilidade e vida, mesmo em tempos de dificuldade. No Evangelho segundo São Lucas, Jesus proclama as bem-aventuranças: "Bem-aventurados vós, os pobres, porque é vosso o Reino de Deus. Bem-...

O Dia de Nossa Senhora de Lourdes: A Mãe da Compaixão e da Cura

No dia 11 de fevereiro, a Igreja celebra a festa de Nossa Senhora de Lourdes, uma das mais queridas devoções marianas em todo o mundo. Esta data recorda as aparições da Virgem Maria a Santa Bernadette Soubirous, em 1858, na pequena cidade de Lourdes, na França. Desde então, Lourdes tornou-se um dos mais importantes centros de peregrinação, especialmente para os enfermos e aqueles que buscam conforto espiritual. Entre 11 de fevereiro e 16 de julho de 1858, Nossa Senhora apareceu dezoito vezes à jovem Bernadette, uma humilde camponesa de 14 anos. Durante essas aparições, a Virgem Maria pediu oração, penitência e conversão, convidando todos os fiéis a uma vida de maior entrega a Deus. Em uma dessas manifestações, Nossa Senhora revelou sua identidade ao dizer: "Eu sou a Imaculada Conceição", confirmando o dogma proclamado pelo Papa Pio IX em 1854. Além disso, indicou a Bernadette uma fonte de água, cujas propriedades milagrosas são até hoje um sinal de esperança e cura para os pe...

O Dia Mundial dos Enfermos: Um Chamado à Compaixão e Esperança

Desde 1992, a Igreja celebra, no dia 11 de fevereiro, o Dia Mundial dos Enfermos, instituído pelo Papa São João Paulo II. Esta data, que coincide com a memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes, tem como propósito sensibilizar a sociedade e a comunidade cristã para a realidade do sofrimento, promovendo a solidariedade com aqueles que enfrentam enfermidades e valorizando o papel dos profissionais de saúde e cuidadores. A vida humana é um dom precioso de Deus, mas também está sujeita à fragilidade. O sofrimento, presente em diversas formas, desafia nossa fé e nos convida a buscar sentido em Deus. Jesus Cristo, durante Seu ministério terreno, demonstrou profundo amor pelos enfermos, curando-os e oferecendo-lhes consolo. No Evangelho de Mateus, Ele declara: "Vinde a mim, todos vós que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei" (Mt 11,28). Essa promessa divina nos assegura que nunca estamos sozinhos em nossa dor. O Papa Francisco, em suas mensagens para essa ocasiã...

XXXIII Dia Mundial dos Enfermos: Um Chamado à Compaixão e Esperança.

  Desde 1992, a Igreja celebra, no dia 11 de fevereiro, o Dia Mundial dos Enfermos, instituído pelo Papa São João Paulo II. Esta data, que coincide com a memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes, tem como propósito sensibilizar a sociedade e a comunidade cristã para a realidade do sofrimento, promovendo a solidariedade com aqueles que enfrentam enfermidades e valorizando o papel dos profissionais de saúde e cuidadores. “A esperança não engana” (Rm 5,5) e fortalece-nos nas tribulações” é o título da Mensagem do Papa Francisco para o XXXIII Dia Mundial do Doente. Extraído da carta de São Paulo aos Romanos, o tema da mensagem é composto por “expressões reconfortantes, mas que podem levantar algumas questões, sobretudo em quem sofre”. Então, o Papa reflete “sobre a presença de Deus junto dos que sofrem, particularmente nos três aspectos que a caracterizam: o encontro, o dom e a partilha”. O encontro. “Quando Jesus envia os setenta e dois discípulos em missão, exorta-...

Deixaram tudo e seguiram a Jesus!

A liturgia deste domingo fala-nos de “vocação”. Lembra-nos que Deus conta conosco para concretizar o seu projeto de salvação para o mundo e para os homens. Desafia-nos a responder com generosidade ao chamamento de Deus. A Palavra de Deus nos motiva a dar a resposta da fé: aqui estamos, envia-nos! Acolher a Palavra de Deus significa nos deixarmos moldar pela graça divina e nos dispormos a avançar na missão de anunciar o Evangelho. A primeira leitura – Is 6,1-8 – traz-nos a descrição plástica do chamamento de um profeta – Isaías. Enquanto dialoga com Deus, Isaías apercebe-se de que Deus tem planos para ele. Apesar de se sentir frágil e indigno, Isaías abraça o convite de Deus e responde, com toda a convicção: “eis-me aqui: podeis enviar-me”. A resposta de Isaías poderia muito bem ser o modelo da nossa resposta ao Deus que chama. Diante da arca da Aliança, o profeta adquire profunda consciência da grandeza de Deus e, ao mesmo tempo, reconhece sua pequenez. Ao ser purificado pelo Senhor, p...

Jesus é apresentado ao Templo por Nossa Senhora e José!

A Festa da Apresentação do Senhor já era celebrada no Oriente no séc. IV. A partir do ano 450, é designada, pelos nossos irmãos do Oriente, como “Festa do Encontro”: “encontro” de Deus com o seu povo, mas também encontro de Maria, José e Jesus com Simeão e Ana, os representantes do Israel fiel, que esperava a salvação de Deus. O “encontro” também é conosco: é o dia para encontrarmos Jesus, a “luz” que ilumina o mundo e as nossas vidas. Na primeira leitura – Ml 3,1-4 –, o profeta Malaquias anuncia a proximidade do “Dia do Senhor”, o dia em que Deus vai entrar no seu Templo para purificar o seu povo, para lhe renovar o coração e para o capacitar para viver num dinamismo novo. Começará nesse dia um tempo novo, o tempo da nova Aliança entre Deus e os homens. O mensageiro de Deus virá para renovar a aliança entre Ele e seu povo mediante a purificação do coração para o dia do Senhor, que julgará a sociedade injusta. Deus tem seus tempos, diferentes dos nossos. No Evangelho – Lc 2,22-40 –, Lu...

Homilia para o 4º Domingo do Tempo Comum - Ano C

"Nenhum profeta é bem recebido em sua terra" (Lc 4,24) Queridos irmãos e irmãs em Cristo, A Palavra de Deus neste 4º Domingo do Tempo Comum nos convida a refletir sobre a missão profética que cada um de nós, como batizados, é chamado a exercer. A vocação profética sempre esteve ligada à coragem de anunciar a verdade, mesmo diante da rejeição e da perseguição. A primeira leitura, Jeremias 1,4-5.17-19, nos apresenta o chamado do profeta Jeremias. Deus o escolheu e consagrou ainda no ventre materno para ser profeta entre as nações. No entanto, sua missão não seria fácil. Jeremias enfrentaria oposição, desprezo e ameaças. Mas Deus lhe garante: "Eles lutarão contra ti, mas não prevalecerão, porque estou contigo para te salvar" (Jr 1,19). Essa leitura nos ensina que a missão do profeta não depende de sua força pessoal, mas da força de Deus. Mesmo quando encontramos dificuldades e resistências ao anunciar a verdade, Deus nos sustenta e nos dá a graça necessári...

A Apresentação do Senhor: Um Encontro com a Luz da Salvação

  No dia 2 de fevereiro, a Igreja celebra a festa da Apresentação do Senhor, também conhecida como a festa da Purificação de Nossa Senhora ou a festa da Candelária. Esta celebração remonta à tradição judaica narrada no Evangelho de Lucas (2,22-40), onde Maria e José, em obediência à Lei de Moisés, levam o Menino Jesus ao Templo de Jerusalém quarenta dias após o seu nascimento para oferecê-lo ao Senhor e realizar o rito da purificação da mãe. A apresentação de Jesus no Templo não é apenas um gesto ritual de cumprimento da Lei, mas um momento de revelação da identidade de Cristo como “luz para iluminar as nações” (Lc 2,32). Simeão, um homem justo e piedoso, inspirado pelo Espírito Santo, reconhece no Menino o Messias esperado e proclama o “Cântico de Simeão”, também conhecido como Nunc Dimittis: “Agora, Senhor, podes deixar teu servo partir em paz, segundo a tua palavra; porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar a...