Desde 1992, a Igreja celebra, no dia 11 de fevereiro, o Dia Mundial dos Enfermos, instituído pelo Papa São João Paulo II. Esta data, que coincide com a memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes, tem como propósito sensibilizar a sociedade e a comunidade cristã para a realidade do sofrimento, promovendo a solidariedade com aqueles que enfrentam enfermidades e valorizando o papel dos profissionais de saúde e cuidadores.
“A esperança não engana” (Rm 5,5) e fortalece-nos nas tribulações” é o título da Mensagem do Papa Francisco para o XXXIII Dia Mundial do Doente.
Extraído da carta de São Paulo aos Romanos, o tema da mensagem é composto por “expressões reconfortantes, mas que podem levantar algumas questões, sobretudo em quem sofre”. Então, o Papa reflete “sobre a presença de Deus junto dos que sofrem, particularmente nos três aspectos que a caracterizam: o encontro, o dom e a partilha”.
O encontro. “Quando Jesus envia os setenta e dois discípulos em missão, exorta-os a dizer aos doentes: “O Reino de Deus já está próximo de vós”. Ou seja, pede-lhes que os ajudem a aproveitar a oportunidade de encontro com o Senhor, mesmo na doença, por muito que seja dolorosa e difícil de compreender”, escreve Francisco. “Com efeito, no momento da doença, se por um lado sentimos toda a nossa fragilidade – física, psíquica e espiritual – de criaturas, por outro lado experimentamos a proximidade e a compaixão de Deus, que em Jesus participou do nosso sofrimento”, ressalta o Papa.
“A doença torna-se então a oportunidade para um encontro que nos transforma, a descoberta de uma rocha firme na qual descobrimos que podemos ancorar-nos para enfrentar as tempestades da vida: uma experiência que, mesmo no sacrifício, nos torna mais fortes, porque mais conscientes de não estarmos sós.”
A vida humana é um dom precioso de Deus, mas também está sujeita à fragilidade. O sofrimento, presente em diversas formas, desafia nossa fé e nos convida a buscar sentido em Deus. Jesus Cristo, durante Seu ministério
terreno, demonstrou profundo amor pelos enfermos, curando-os e oferecendo-lhes consolo. No Evangelho de Mateus, Ele declara: “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt 11,28). Essa promessa divina nos assegura que nunca estamos sozinhos em nossa dor.
O Papa Francisco, em suas mensagens para essa ocasião, ressalta a importância de cuidar dos enfermos com ternura e humanidade. Ele nos recorda que, no rosto dos que sofrem, está presente Cristo, e que nossa missão é ser instrumentos da misericórdia divina.
Dentro da Igreja, a Pastoral da Saúde tem um papel fundamental no acolhimento e na assistência espiritual dos enfermos. A visita aos doentes, o conforto da oração e a administração dos sacramentos, especialmente a Unção dos Enfermos, são formas concretas de vivenciar a compaixão cristã. O Catecismo da Igreja nos ensina que “a Unção dos Enfermos confere uma graça especial ao cristão que enfrenta as dificuldades inerentes a um estado de doença grave ou velhice” (CIC 1527). Esse sacramento fortalece a alma e, quando é da vontade de Deus, contribui também para a recuperação do corpo.
Neste dia, somos chamados a refletir sobre nosso compromisso com os enfermos. Como podemos ser sinais do amor de Deus para eles? A resposta está nas atitudes de escuta, presença e dedicação. Pequenos gestos de carinho e atenção podem aliviar a dor e trazer esperança. A primeira carta de São João nos ensina: “Não amemos com palavras nem com a boca, mas com obras e de verdade” (1Jo 3,18).
Além disso, devemos valorizar e rezar pelos profissionais da saúde, que exercem um ministério essencial no cuidado dos enfermos. Lembro dos administradores hospitalares, médicos, enfermeiros, instrumentalistas médicos e todo o pessoal da administração e dos serviços essenciais da saúde. Não poderíamos deixar de rezar pelos socorristas e pelos que trabalham nos equipamentos móveis de saúde. Seu trabalho, muitas vezes exaustivo, é um testemunho de amor ao próximo e uma expressão concreta da missão de Cristo, que veio para curar e salvar. Também manifesto minha proximidade para com todos os familiares destes profissionais que, via de regra, fazem tantos sacrifícios para que seus familiares possam servir à nossas famílias. Deus o abençoe abundantemente!
O Dia Mundial dos Enfermos é uma oportunidade para renovar nosso compromisso de amor e solidariedade com aqueles que sofrem. Que possamos ser reflexos da presença de Deus na vida dos enfermos, levando-lhes conforto, esperança e paz. Que Nossa Senhora de Lourdes, mãe de misericórdia, interceda por todos os doentes e por aqueles que os assistem, para que encontrem força, coragem e consolação na presença amorosa de Deus. Amém.
+Anuar Battisti Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
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