O que é que determina o êxito ou o fracasso da nossa existência? Como devemos viver para que a nossa vida seja repleta de sentido? A liturgia do 29.º Domingo do Tempo Comum diz-nos que conseguiremos dar pleno sentido à nossa vida quando aprendermos a deixar de lado os nossos projetos de poder e de grandeza, para apostarmos no amor e no serviço àqueles que caminham conosco. Então seremos, de facto, uma luz que brilha no meio do mundo.
A primeira leitura – Is 53,10-11 – um trecho do quarto cântico do Servo Sofredor fala-nos de um “servo de Deus”, que cumpriu a sua existência na terra no meio do sofrimento e do desprezo, mas que Deus exaltou e glorificou. A figura desse “servo” diz-nos que uma vida vivida na humildade, no sacrifício, na entrega e no dom de si mesmo não é, aos olhos de Deus, uma vida maldita, perdida, fracassada; mas é uma vida fecunda e plenamente realizada, que trará libertação e esperança ao mundo e aos homens. De modo misterioso, a vontade de Deus se cumpre no sofrimento do Servo do Senhor.
No Evangelho – Mc 10,35-35 –, se coloca justaposto à profecia de Isaías, mais exatamente quando o próprio Jesus afirma: “o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos” (Mc 10,45). Jesus mostra aos discípulos em que direção devem caminhar para que as suas vidas se encham de sentido. Confrontado com os sonhos de poder e de honrarias de Tiago e de João, Jesus garante-lhes que é no dom da vida, na entrega de si próprios, no serviço simples e humilde aos irmãos, que se sentirão plenamente realizados. A missão do Filho de Deus, o verdadeiro Servo Sofredor do Pai, cumpre-se e realiza-se no serviço generoso de entrega e de amor. Diante da pergunta de Tiago e João, que desejam obter privilégios, Jesus ensina: “entre vós não deveis ser assim” (Mc 10,43b).
Na segunda leitura – Hb 4,14-16 –, o autor da Carta aos Hebreus apresenta Jesus como um sumo-sacerdote misericordioso que, depois de apresentar o seu sacrifício, “atravessou os céus” e se apresentou diante de Deus para interceder pelos homens. Assim, Ele alcançou de Deus a misericórdia para os homens pecadores. A nossa resposta à ação salvadora de Cristo em nosso favor deve traduzir-se na adesão plena às suas
propostas. Cristo é o sumo sacerdote eminente: Ele se compadece de nossas fragilidades, pois Ele foi provado em tudo igual a nós, menos no pecado (Hb 4,15). Com a ascensão de Jesus, sua solidariedade continua, e por meio dele iremos ao Pai? Quem se dispõe a uma formação desse tipo se prontifica a servir. Tal decisão é consequência de ter amadurecido na escola do Mestre Jesus. Sejamos servidores de Jesus. Trilhemos o caminho do serviço generoso e da doação em nome de Cristo e da Igreja!
+ Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá, PR
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