Queridos irmãos e irmãs,
“Cristo ressuscitou! Verdadeiramente ressuscitou! Aleluia!” Com essas palavras antigas e sempre novas, a Igreja se enche de júbilo ao celebrar o Domingo da Ressurreição, a Páscoa do Senhor. Após o caminho austero da Quaresma e o silêncio profundo do Sábado Santo, rompe-se a aurora do primeiro dia da nova criação. A pedra foi removida. O túmulo está vazio. A morte foi vencida. A vida ressurgiu. Este é o dia em que o Senhor agiu: exultemos e alegremo-nos nele! (cf. Sl 117,24).
A ressurreição de Jesus Cristo não é apenas um consolo espiritual ou um símbolo de superação: é o fato decisivo da fé cristã. São Paulo o afirmou com firmeza: “Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé” (1Cor 15,14). Sem a Páscoa, o cristianismo se reduziria a um código moral ou a uma filosofia entre tantas. Com a ressurreição, porém, sabemos que Deus venceu a morte e nos abriu um caminho de vida eterna.
A Páscoa é, portanto, mais que uma data ou uma festa: é o coração pulsante da Igreja. É a fonte de onde brota todo o restante da vida cristã: o batismo, a eucaristia, a missão, a esperança. Celebrar a Páscoa é renovar o compromisso com a verdade da vida que se entrega por amor, com a certeza de que nenhuma dor é definitiva, nenhum mal é eterno, nenhum sepulcro é inviolável para Deus.
No Evangelho de João, Maria Madalena vai ao sepulcro ainda de madrugada (cf. Jo 20,1). Encontra a pedra removida e corre para avisar os discípulos. Pedro e o outro discípulo correm até o túmulo. O outro entra, vê os lençóis e acredita. Pouco a pouco, o Senhor ressuscitado se revela aos seus, não com espetáculos de poder, mas com a delicadeza do reencontro, o gesto da partilha, a palavra que chama pelo nome.
É assim também conosco: o Ressuscitado se deixa encontrar no partir do pão, no perdão oferecido, na fé comunitária, na caridade vivida. Ele transforma nossa tristeza em alegria, nosso medo em coragem, nossa dúvida em missão. A ressurreição é o sopro novo que renova a esperança dos cansados, que ilumina os caminhos escurecidos pela dor e que sustenta os que anunciam o Evangelho em meio aos desafios do mundo.
Celebrar o Domingo da Páscoa é mais do que ir à missa festiva ou trocar votos de “Feliz Páscoa”. É renovar a fé, deixar-se encontrar por Cristo vivo, permitir que a luz do Ressuscitado penetre as trevas do nosso coração.
É tempo de reencontrar o sentido da vida, de buscar a reconciliação, de renascer com Cristo.
Neste tempo pascal, somos chamados a viver como ressuscitados. Isso significa cultivar a alegria, ser agentes de reconciliação, trabalhar pela paz, testemunhar o amor de Deus. Em um mundo tão marcado por conflitos, divisões e desesperança, os cristãos devem ser sinais visíveis da vida nova que brota da cruz.
A Páscoa é também tempo de missão. Os primeiros discípulos, tocados pelo Ressuscitado, saíram a anunciar o Evangelho. Nós também devemos anunciar com a vida que Cristo vive e está presente em nossa história, sobretudo nos pobres, nos sofredores, nos esquecidos, nos que esperam por sinais de ressurreição.
Caríssimos irmãos e irmãs, nesta Páscoa, deixemo-nos transformar pela luz do Ressuscitado. Que nossas famílias sejam mais unidas, que nossas comunidades sejam mais fraternas, que nossa Igreja seja mais missionária, e que nossos corações sejam mais fiéis ao Evangelho da vida.
Que Maria Santíssima, que acompanhou com fé a paixão e agora exulta com a ressurreição, interceda por todos nós. Que o Ressuscitado nos dê a sua paz e renove nossas forças.
A todos, desejo uma santa e feliz Páscoa!
+ Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
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