O mês de maio é, na tradição da Igreja Católica, especialmente dedicado à Virgem Maria. É o Mês Mariano, um tempo profundamente devocional, no qual o povo de Deus volta seu olhar àquela que, com humildade e coragem, disse “sim” ao plano de Deus e tornou-se Mãe do Salvador e Mãe da Igreja.
A dedicação do mês de maio a Maria tem raízes antigas. Desde o século XIII, já se celebravam festas em honra à Mãe de Deus nessa época do ano, e, a partir do século XVII, essa devoção foi sendo consolidada por comunidades religiosas e, mais tarde, difundida amplamente pelos Papas e pela piedade popular. Maio, mês da primavera no hemisfério norte, é simbolicamente associado à beleza, à vida e à renovação — atributos que também nos falam da presença maternal de Maria, sempre pronta a gerar Cristo em nossos corações.
A figura de Maria ocupa um lugar especial nas Sagradas Escrituras. Desde o anúncio do anjo, quando ela responde “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38), até sua presença silenciosa e firme aos pés da cruz (Jo 19,25), Maria nos ensina o caminho da fé obediente, da confiança e da entrega total a Deus.
Mais do que um modelo distante, ela é mãe próxima. Jesus, na cruz, confiou Maria ao discípulo amado: “Eis a tua mãe” (Jo 19,27), e, desde então, toda a Igreja reconhece em Maria uma mãe espiritual, que caminha conosco, intercede por nós e nos aponta para Cristo: “Fazei tudo o que ele vos disser” (Jo 2,5), diz ela nas bodas de Caná.
A devoção mariana não é um acessório da fé, mas parte integrante da espiritualidade cristã. O Concílio Vaticano II, na Constituição Dogmática Lumen Gentium, dedicou um capítulo inteiro à Virgem Maria, chamando-a de “modelo da fé e da caridade” (LG 53). Maria não é adorada — pois a adoração pertence somente a Deus —, mas venerada como a mais perfeita das criaturas, aquela que colaborou livremente com a salvação do mundo.
Os Papas sempre incentivaram a devoção mariana como meio seguro de santificação. São João Paulo II afirmou: “Maria é o caminho mais seguro para encontrar Cristo.” O Papa Francisco, por sua vez, recorda que “onde está Maria, há ternura, cuidado, misericórdia e esperança” — características fundamentais para a vivência do Evangelho.
Durante o mês de maio, as comunidades católicas se reúnem para rezar o Santo Terço, organizar coroações de Nossa Senhora, celebrar missas marianas, reflexões bíblicas, e gestos concretos de solidariedade. Essas expressões de fé alimentam a alma e fortalecem a comunhão entre os fiéis.
O Rosário, em especial, é uma oração profundamente bíblica e cristocêntrica. Ao meditarmos os mistérios da vida de Jesus com Maria, aprendemos a ver os acontecimentos da nossa vida à luz da fé. Como dizia São João Paulo II: “O Rosário, embora caracteristicamente mariano, é oração de coração cristológico.”
Além das práticas comunitárias, o Mês Mariano nos convida também a cultivar um relacionamento pessoal com Maria. Podemos consagrar nosso dia a ela, pedir sua intercessão em nossos desafios, e buscar imitá-la em sua escuta da Palavra, no serviço generoso ao próximo, e na humildade que engrandece a Deus.
Celebrar o Mês Mariano não é apenas um ato devocional, mas um chamado a renovar nossa vida cristã. Maria continua sendo a Estrela da Evangelização, que ilumina nosso caminho e nos leva sempre a Jesus. Em meio às lutas e desafios do nosso tempo, ela nos sustenta como mãe atenta, mestra da fé e exemplo de discípula.
Que
neste mês de maio, cada família, paróquia e comunidade possa viver com
fervor esse tempo de graça, redescobrindo na companhia de Maria a beleza
de seguir Jesus com o coração disponível e fiel. Que ela, Mãe da Igreja
e Rainha da Paz, interceda por todos nós, para que sejamos construtores
de esperança e instrumentos do amor de Deus no mundo.
+Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
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