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Mostrando postagens de maio, 2025

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Dom Anuar Batisti
Formado em filosofia no Paraná e em teologia pela Pontifícia Universidade Lateranense de Roma, Dom Anuar Battisti é Arcebispo Emérito de Maringá (PR). Em 15 de abril de 1998, por escolha do papa João Paulo II, foi nomeado bispo diocesano de Toledo, sendo empossado no mesmo dia da ordenação episcopal, em 20 de junho daquele ano. Em 2009 recebeu o título de Doutor Honoris Causa, um dos mais importantes, concedidos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Em 2007, foi presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Sagrada, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em 2015, foi membro do Conselho Administrativo da Pastoral da Criança Internacional e, ainda na CNBB, foi delegado suplente. No Conselho Episcopal Latino-Americano atuou como Presidente do Departamento das Vocações e Ministérios, até 2019.

Homilia – 6º Domingo da Páscoa – Ano C

  Evangelho: João 14,23-29 “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou.” Amados irmãos e irmãs, Nos aproximamos do final do Tempo Pascal. A Igreja nos prepara, domingo após domingo, para acolher a vinda do Espírito Santo. No Evangelho de hoje, Jesus continua seu discurso de despedida durante a Última Ceia. Ele sabe que está prestes a partir, mas quer que seus discípulos permaneçam firmes, confiantes, unidos e em paz. Por isso, Ele diz: “Não se perturbe nem se intimide o vosso coração.” É nessa atmosfera de despedida e consolo que Jesus nos entrega duas promessas fundamentais: a vinda do Espírito Santo e a sua paz. Ele diz: “O Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse.” Esse Espírito é a presença viva de Deus em nós. Ele nos conduz na caminhada, ilumina nossa mente, aquece nosso coração e nos ajuda a compreender a Palavra do Senhor. Ele é nosso defensor, nosso conselheiro, nosso companheiro. Não estamos sozinhos. Mesmo ...

Jesus sobe aos céus!

  Na liturgia do sexto domingo do tempo pascal sobressai a promessa de Jesus de acompanhar e de orientar os seus discípulos ao longo de todo o caminho histórico que eles vão percorrer. Alimentados pela Palavra de Jesus, conduzidos pelo Espírito, os discípulos caminham ao encontro da cidade perfeita, onde os espera o abraço eterno de Deus. No Evangelho – Jo 14,23-29 – Jesus, na véspera da sua morte, despede-se dos discípulos. Diz-lhes que vai para o Pai, mas que estará sempre em comunhão com eles. O Espírito Santo que vão receber ensinará aos discípulos “todas as coisas”, recordar-lhes-á tudo o que Jesus lhes disse enquanto andou com eles, fará com que eles se mantenham em comunhão com Jesus. Dessa forma os discípulos poderão continuar no mundo o projeto de Jesus, até ao reencontro final com Ele. Com seu Pai, Jesus faz morada no coração de cada um que o ama, ou seja, que acolhe e vive sua palavra. O amor e a Palavra de Deus andam de mãos dadas. Jesus parte, mas nos garante a presenç...

Laudato si’: uma década de conversão ecológica

 Há exatos dez anos, o Papa Francisco nos presenteava com um dos documentos mais proféticos e transformadores de seu pontificado: a encíclica Laudato si’, sobre o cuidado da casa comum. Publicada em 24 de maio de 2015, ela se revelou um marco não apenas para a doutrina social da Igreja, mas para toda a humanidade, que atravessa tempos de urgência climática e degradação ambiental. Inspirado no Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis, o Papa nos convida a louvar a Deus pela criação, mas também a reconhecer os danos que estamos infligindo a ela e às gerações futuras. É um chamado à conversão ecológica, expressão que, ao longo desta década, se tornou um apelo central à consciência cristã. Ao longo desses dez anos, vimos crescer, dentro e fora da Igreja, uma sensibilidade nova. Em muitos lugares, surgiram iniciativas inspiradas pela encíclica: projetos de educação ambiental em escolas católicas, campanhas de reflorestamento, políticas diocesanas de sustentabilidade...

Nossa Senhora Auxiliadora: Mãe e Protetora dos Cristãos

Celebrada com especial devoção no dia 24 de maio, Nossa Senhora Auxiliadora é invocada há séculos como a Mãe que socorre seu povo nos momentos de tribulação, especialmente nas lutas da Igreja e nas necessidades dos fiéis. A origem da devoção remonta ao século XVI, quando o Papa Pio V invocou Maria sob o título de “Auxiliadora dos Cristãos” por ocasião da Batalha de Lepanto, em 1571. A vitória cristã atribuída à intercessão da Virgem fortaleceu sua veneração com esse título. Mais tarde, no século XIX, o Papa Pio VII, após ser libertado de seu cativeiro por Napoleão, instituiu oficialmente a festa de Maria Auxiliadora dos Cristãos, em agradecimento por sua libertação, marcando-a no calendário litúrgico para o dia 24 de maio. Contudo, foi São João Bosco, o grande educador e fundador dos Salesianos, quem mais propagou esse título mariano. Don Bosco afirmava: “Maria quer ser honrada sob o título de Auxiliadora; os tempos que vivemos pedem sua proteção”. Ele construiu em Turim,...

Santa Rita de Cássia: modelo de fé, esperança e amor em meio à dor

  No dia 22 de maio, a Igreja celebra com alegria e profunda devoção a memória de Santa Rita de Cássia, conhecida como a Santa das causas impossíveis. Seu nome ressoa com carinho no coração do povo cristão, que vê em sua história um reflexo do amor perseverante e da fé que vence as maiores tribulações. Nascida em 1381, na pequena cidade de Roccaporena, Itália, Rita sonhava desde a infância com a vida consagrada. No entanto, por obediência aos pais, casou-se ainda jovem com Paolo Mancini, um homem de gênio difícil. Durante muitos anos, Rita enfrentou com paciência e oração as agressões verbais e físicas do marido, até que, tocado por sua mansidão e fé, ele se converteu. Pouco tempo depois, foi assassinado em meio a disputas familiares. Com o coração dilacerado, Santa Rita viu os próprios filhos desejarem vingar a morte do pai. Rezou, então, pedindo a Deus que os afastasse do pecado, mesmo que isso custasse a vida deles — e assim aconteceu: ambos morreram pouco tempo de...

Um Novo Tempo para a Igreja: Leão XIV e a Esperança se Renova

 Com imensa alegria e profundo espírito de comunhão eclesial, recebemos o anúncio da eleição do novo Sucessor de Pedro: Sua Santidade, o Papa Leão XIV. A fumaça branca que subiu do alto da Capela Sistina não apenas sinalizou ao mundo que o Sacro Colégio Cardinalício havia escolhido um novo Sumo Pontífice Romano; ela reacendeu em nossos corações a esperança que vem do Espírito Santo, que continua conduzindo com sabedoria e ternura a barca da Igreja. A escolha de Leão XIV representa mais do que uma sucessão papal: é o início de uma nova etapa, onde se renovam os desafios, as perguntas, mas também a fé e a confiança do povo de Deus. Sua trajetória pastoral, marcada pela escuta atenta, pela proximidade com os pobres e pela fidelidade ao Evangelho, inspira-nos e convida-nos a seguir adiante com coragem missionária. Como bispo da Igreja no Brasil, não posso deixar de expressar meu profundo orgulho pelo papel dos nossos sete Senhores Cardeais brasileiros neste momento histórico. Com oraçã...

Jesus nos dá um novo mandamento: “Amai-vos uns aos outros!”.

  No 5º Domingo da Páscoa, a liturgia recorda-nos que a comunidade nascida de Jesus tem como tarefa fundamental, no mundo e na história, ser sinal vivo do amor de Deus por todos os seus filhos. Foi essa a missão que Jesus, ao despedir-se, confiou aos seus discípulos. O Evangelho – Jo 13,31-33a.34-35 – nos leva à sala onde Jesus, pouco antes de ser preso e condenado à morte, celebrou uma ceia de despedida com os discípulos. Convida-nos a escutar e a tomar nota do “testamento” de Jesus: “Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros”. Este “mandamento” resume toda a vida, todos os ensinamentos, todas as palavras e gestos, todas as propostas de Jesus. Após o lava-pés, Jesus reconhece que seu fim chegou – “o Filho do Homem foi glorificado” – e deixa um último recado aos seus seguidores: o novo mandamento do amor. O amor é a marca dos cristãos. O que dá testemunho de Jesus no mundo é o amor que os cristãos têm un...

Vamos ouvir a voz do Bom Pastor!

 Amados irmãos e irmãs em Cristo, Celebramos hoje o 4º Domingo da Páscoa, também chamado de Domingo do Bom Pastor. A Liturgia nos apresenta uma imagem profundamente consoladora e reveladora de quem é Jesus para nós: o Pastor que conhece suas ovelhas, que as ama, protege e dá a vida por elas. Ao mesmo tempo, este é o domingo em que a Igreja convida todos os fiéis a rezarem pelas vocações — especialmente às vocações sacerdotais e religiosas — para que nunca faltem pastores segundo o coração de Cristo. O Evangelho nos traz palavras breves, mas densas de sentido. Jesus afirma: “As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem.” Aqui está o resumo de uma verdadeira espiritualidade cristã: escutar, ser conhecido e seguir. Escutar a voz do Senhor significa abrir o coração à sua Palavra, deixar-se guiar por ela, permitir que essa voz nos conduza mesmo em meio às incertezas da vida. Num mundo de tantas vozes, ruídos e distrações, escutar Jesus é um ato de...

62º Dia Mundial de Oração pelas Vocações – 2025

  Queridos irmãos e irmãs em Cristo, Neste 62º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, celebrado no 4º Domingo da Páscoa — o Domingo do Bom Pastor — a Igreja nos convida a contemplar Jesus, que conhece cada uma de suas ovelhas, as chama pelo nome e dá a vida por elas (cf. Jo 10,11-18). Ele é o Pastor que caminha à frente, que sustenta no cansaço, que consola na dor e que nunca abandona seu rebanho. Este ano, porém, esse dia se reveste de uma emoção singular. A mensagem para este Dia das Vocações foi escrita por nosso amado Papa Francisco antes de sua morte. Trata-se, portanto, de um gesto de fé e esperança que se transforma em verdadeiro testamento espiritual, deixando-nos uma última palavra de encorajamento sobre a beleza e a responsabilidade do chamado de Deus em nossas vidas. O Santo Padre, até os seus últimos dias, manteve viva a chama do Evangelho e da missão da Igreja. Com ternura e firmeza, exortava os jovens, os consagrados e todos os fiéis a não temerem o chama...

Ser Bom Pastor para o povo de Deus!

 O quarto Domingo da Páscoa é considerado o “Domingo do Bom Pastor”, pois todos os anos, neste domingo, somos convidados a escutar um trecho do capítulo 10 do Evangelho segundo João, no qual Jesus é apresentado como o “Bom Pastor”. É, portanto, este o tema central que a Palavra de Deus nos propõe hoje à reflexão. O Evangelho – Jo 10,27-30 – apresenta Cristo como o Pastor bom e verdadeiro, que ama as suas ovelhas e conhece cada uma delas. Aqueles e aquelas que desejam fazer parte do rebanho de Jesus devem escutar suas indicações, acolher suas propostas e dispor-se a segui-lo. Jesus as conduzirá onde há vida verdadeira e nunca permitirá que suas ovelhas – essas ovelhas a quem Ele tanto quer – lhe sejam roubadas. O Bom Pastor conhece suas ovelhas, e estas o escutam e o seguem. Para seguir o Ressuscitado, é necessário reconhecer sua voz, impedindo que outras vozes nos desviem do caminho. O Bom Pastor é aquele que se preocupa com seu povo e dá a vida por ele. Três verbos d...

“É o Senhor!” (Jo 21,7)

 Amados irmãos e irmãs, Celebramos hoje o 3º Domingo do Tempo Pascal, e a Liturgia da Palavra nos convida a reconhecer o Ressuscitado que se faz presente nas realidades concretas da vida e que transforma o desânimo em missão, o fracasso em fecundidade, o medo em coragem. No Evangelho (João 21,1-19), Jesus aparece novamente aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades, onde eles estavam pescando. Era noite, e “naquela noite nada apanharam” (Jo 21,3). Essa cena retrata bem a experiência de frustração que muitas vezes enfrentamos: trabalhamos, nos esforçamos, mas os resultados parecem não vir. No entanto, “ao amanhecer, Jesus estava na margem, mas os discípulos não sabiam que era Jesus” (Jo 21,4). Jesus então lhes diz: “Lançai a rede à direita da barca e achareis” (Jo 21,6). Eles obedecem e, surpreendentemente, a pesca é abundante. João, o discípulo amado, reconhece a presença do Ressuscitado e exclama: “É o Senhor!” (Jo 21,7). Esse reconhecimento só é possível para quem...

Homilia – 3º Domingo da Páscoa – Ano C

  “É o Senhor!” (Jo 21,7) Amados irmãos e irmãs, Celebramos hoje o 3º Domingo do Tempo Pascal, e a Liturgia da Palavra nos convida a reconhecer o Ressuscitado que se faz presente nas realidades concretas da vida e que transforma o desânimo em missão, o fracasso em fecundidade, o medo em coragem. No Evangelho (João 21,1-19), Jesus aparece novamente aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades, onde eles estavam pescando. Era noite, e “naquela noite nada apanharam” (Jo 21,3). Essa cena retrata bem a experiência de frustração que muitas vezes enfrentamos: trabalhamos, nos esforçamos, mas os resultados parecem não vir. No entanto, “ao amanhecer, Jesus estava na margem, mas os discípulos não sabiam que era Jesus” (Jo 21,4). Jesus então lhes diz: “Lançai a rede à direita da barca e achareis” (Jo 21,6). Eles obedecem e, surpreendentemente, a pesca é abundante. João, o discípulo amado, reconhece a presença do Ressuscitado e exclama: “É o Senhor!” (Jo 21,7). Esse reconheciment...

O Senhor Ressuscitado continua chamando: “Segue-me!”.

  A liturgia do terceiro Domingo Pascal dirige uma vez mais o nosso olhar para o acontecimento capital que celebramos neste “grande domingo” que vai desde o dia de Páscoa até ao dia de Pentecostes: a ressurreição de Jesus. Convida-nos especialmente a descobrir como que é que a comunidade cristã deve agir para concretizar, no mundo e na vida dos homens, a obra salvadora de Jesus. A primeira leitura – que sempre na Páscoa é dos Atos dos Apóstolos – At 5,27b-32.40b-41 – mostra-nos como a comunidade cristã de Jerusalém testemunha a vida nova que brota de Jesus ressuscitado. Embora as autoridades judaicas tentem calá-los, os apóstolos estão decididos a oferecer a todos os habitantes de Jerusalém a “boa notícia” de Jesus. A verdade, a vitória definitiva de Deus sobre a morte e o pecado, têm de ser anunciados de cima dos telhados, a fim de que o mundo encontre nesse “evangelho” uma nova esperança. Os apóstolos, portanto, dão um corajoso testemunho do Ressuscitado, a quem d...

O Trabalho à Luz da Fé Cristã: Um Dom e uma Missão

  O dia 1º de maio é celebrado no mundo inteiro como o Dia do Trabalho. Mais do que um simples feriado ou data comemorativa, esta é uma oportunidade para os cristãos refletirem, à luz da fé, sobre o valor humano, espiritual e social do trabalho. Não é por acaso que a Igreja, em sua sabedoria pastoral, escolheu para essa data a memória de São José Operário, não para desviar o foco do trabalhador, mas para apresentar um exemplo vivo de como o trabalho é parte essencial do plano de Deus para a humanidade. Desde as primeiras páginas da Escritura, o trabalho aparece como vocação humana. No livro do Gênesis, lemos que “o Senhor Deus tomou o homem e o colocou no jardim do Éden, para que o cultivasse e guardasse” (Gn 2,15). Ou seja, antes mesmo do pecado, o trabalho já fazia parte da vida do ser humano como forma de participar da obra criadora de Deus. O trabalho dignifica o homem, permite-lhe desenvolver os dons recebidos do Criador e contribuir para o bem comum. Contudo, o ...

São José Operário: o exemplo bíblico do trabalhador digno e fiel

No dia 1º de maio, a Igreja celebra São José Operário, patrono dos trabalhadores e exemplo maior da dignidade do trabalho humano à luz da fé cristã. Esta data, que no mundo é marcada por manifestações sociais e políticas em defesa dos direitos trabalhistas, recebeu, em 1955, um novo significado com a decisão do Papa Pio XII de instituí-la como memória litúrgica de São José, conferindo-lhe um caráter profundamente espiritual e cristão. A escolha de São José para representar o trabalhador cristão não foi ao acaso. Ele é, nas Sagradas Escrituras, o homem justo (cf. Mt 1,19), silencioso, obediente à vontade de Deus, e que viveu de forma discreta, mas plenamente comprometida com sua missão de esposo de Maria e pai adotivo de Jesus. José sustentou a Sagrada Família com o suor do próprio rosto (cf. Gn 3,19), trabalhando como carpinteiro (cf. Mt 13,55), profissão simples, porém cheia de significado espiritual. A figura de José nos ensina que o trabalho não é um castigo, mas um ca...