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Mostrando postagens de julho, 2025

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Dom Anuar Batisti
Formado em filosofia no Paraná e em teologia pela Pontifícia Universidade Lateranense de Roma, Dom Anuar Battisti é Arcebispo Emérito de Maringá (PR). Em 15 de abril de 1998, por escolha do papa João Paulo II, foi nomeado bispo diocesano de Toledo, sendo empossado no mesmo dia da ordenação episcopal, em 20 de junho daquele ano. Em 2009 recebeu o título de Doutor Honoris Causa, um dos mais importantes, concedidos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Em 2007, foi presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Sagrada, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em 2015, foi membro do Conselho Administrativo da Pastoral da Criança Internacional e, ainda na CNBB, foi delegado suplente. No Conselho Episcopal Latino-Americano atuou como Presidente do Departamento das Vocações e Ministérios, até 2019.

Homilia – 17º Domingo do Tempo Comum – Ano C

 Jesus nos ensina a rezar e a pedir com insistência! Queridos irmãos e irmãs em Cristo, Neste 17º Domingo do Tempo Comum, a Palavra de Deus nos conduz ao mistério da oração, da confiança filial e da intercessão perseverante. Jesus nos ensina a rezar, a confiar e a pedir com insistência. A liturgia nos propõe como centro a oração do “Pai Nosso”, que aparece no Evangelho segundo Lucas (cf. Lc 11,1-13), e se desdobra na experiência de Abraão com Deus (cf. Gn 18,20-32) e na certeza que nos é dada por São Paulo de que “fostes sepultados com Cristo no batismo, e com ele fostes também ressuscitados pela fé no poder de Deus” (Cl 2,12). O Evangelho nos apresenta Jesus em oração. E os discípulos, vendo-O rezar, sentem o desejo de também aprender a falar com o Pai. É comovente perceber que o pedido dos discípulos nasce da contemplação: “Senhor, ensina-nos a rezar” (Lc 11,1). Jesus então lhes entrega a oração que nos tornou filhos e filhas: o Pai Nosso. Ao rezarmos “Pai”, entramos...

"Felizes os que mantêm a esperança"

No contexto do Ano Santo da Esperança, proclamado para 2025, a Igreja vive não apenas um tempo de graça e reconciliação, mas também um período de profunda memória e renovação. Entre as muitas dimensões espirituais que esse Jubileu tem suscitado, a relação entre gerações tem sido frequentemente recordada. O Papa Leão XIV, eleito após a morte do Papa Francisco em maio deste ano, tem dado continuidade a diversos gestos e iniciativas de seu predecessor, especialmente àquelas voltadas às famílias, aos idosos e à cultura do cuidado. Em uma de suas primeiras homilias dirigidas às famílias, Leão XIV retomou com emoção os ensinamentos de Francisco sobre a importância dos avós como pilares da fé e guardiões da esperança. Ao refletir sobre o Evangelho de João, capítulo 17, Leão XIV trouxe à tona a oração de Jesus ao Pai: “Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti” (Jo 17,21). Essa unidade, que é expressão do amor trinitário, encontra sua primeira escola no seio da fa...

Homilia – 16º Domingo do Tempo Comum – Ano C

 Queridos irmãos e irmãs em Cristo, Neste 16º Domingo do Tempo Comum, a Palavra de Deus nos convida a refletir sobre o valor da escuta, da hospitalidade e da presença do Senhor em nossas vidas. A liturgia deste dia nos coloca diante da visita de Deus e de como acolhê-Lo com o coração disponível e atento. Na primeira leitura (Gênesis 18,1-10a), vemos Abraão recebendo os três visitantes junto ao carvalho de Mambré. Ele não sabe ainda que está acolhendo o próprio Senhor, mas sua atitude de generosidade e hospitalidade prepara o terreno para uma promessa divina: “Voltarei a ti no próximo ano, e Sara, tua mulher, terá um filho”. Abraão, com sua hospitalidade ativa, torna-se modelo daquele que acolhe a presença de Deus nos gestos concretos do dia a dia. No Salmo 14 (15), proclamamos: “Senhor, quem morará em vossa casa?” A resposta revela o perfil daquele que vive em comunhão com Deus: quem procede com retidão, pratica a justiça e tem no coração a verdade. A acolhida verdadeira ao Senhor ...

A prioridade é sempre ouvir a Palavra de Jesus!

 As exigências da vida moderna obrigam-nos a correr a um ritmo estonteante e fazem-nos deixar para trás coisas fundamentais. A Palavra de Deus, que a liturgia do 16º Domingo do Tempo Comum nos propõe, convida-nos a redescobrir as prioridades e os valores que tornam a nossa vida mais humana e mais cheia de sentido. A primeira leitura — Gn 18,1-10a — propõe-nos o exemplo de Abraão, o homem que não se importa de gastar tempo com o “outro”. Quando aparecem junto à sua tenda três visitantes inesperados, Abraão acolhe-os, prepara-lhes um banquete, oferece-lhes o que tem de melhor. Em cada pessoa que nos “visita”, é Deus que vem ao nosso encontro. O tempo que gastamos a acolher e a cuidar dos nossos irmãos é um tempo que enche de significado a nossa vida. A generosidade de Abraão será recompensada com a bênção de um filho. Muitas vezes, Deus passa por nossa vida de forma imprevista, e precisamos estar atentos para acolhê-lo com alegria na pessoa de nossos irmãos e irmãs. No ...

Como encontrar a vida eterna?

 Na palavra de Deus que nos é proposta neste décimo quinto domingo do Tempo Comum, ecoa uma questão fundamental para todos os homens e mulheres que se preocupam com o sentido da existência: o que devemos fazer para encontrar a vida eterna? As respostas que nos são oferecidas ajudam-nos a definir os caminhos que devemos percorrer ao longo da nossa peregrinação pela terra. O tema central é o ensinamento de Jesus, que revela ao mestre da Lei, e a cada um de nós hoje, o amor incondicional e caminho que nos leva a Deus.  No Evangelho – Lc 10,25-37 –, Jesus ajuda um “mestre da Lei” a perceber que a vida deve ser construída à volta de dois eixos fundamentais: o amor a Deus e a compaixão pelo “próximo”. Para que as coisas fiquem perfeitamente claras, Jesus conta uma parábola que define claramente quem é esse “próximo”: é qualquer pessoa com quem nos cruzamos e que necessita do nosso cuidado, da nossa solicitude, do nosso amor. Quem vive guiado pelo amor caminha em direção à vida etern...

Homilia – 15º Domingo do Tempo Comum – Ano C

 Irmãos e irmãs em Cristo, Neste 15º Domingo do Tempo Comum, a Palavra de Deus nos convida a refletir sobre a essência do amor cristão e sobre o chamado a vivermos uma fé concreta, que se expressa em atitudes de misericórdia, compaixão e proximidade com o outro. A primeira leitura, do livro do Deuteronômio (Dt 30,10-14), nos lembra que a Lei de Deus não está distante de nós, nem está no céu ou além-mar, mas “está bem ao teu alcance, está em tua boca e em teu coração, para que a possas pôr em prática” (Dt 30,14). Moisés fala a um povo que está prestes a entrar na Terra Prometida e insiste que viver segundo os mandamentos do Senhor não é algo fora da realidade, mas plenamente possível e necessário. Ou seja, a Palavra de Deus está próxima, ao nosso alcance, e nos pede uma resposta prática: escutá-la e colocá-la em ação. Essa proximidade da Palavra é também o que o salmista expressa ao dizer: “A lei do Senhor é perfeita, reconforta a alma; o testemunho do Senhor é fiel, d...

São Camilo de Lellis e a missão do ICDS

  Por Dom Anuar Battisti, presidente do ICDS  São Camilo de Lellis (1550–1614), fundador dos Camilianos, legou-nos uma espiritualidade profundamente centrada no cuidado dos enfermos, concebendo o hospital como terra sagrada. Inspirado pelo Evangelho que diz: “Estive enfermo e me visitaste” (Mt 25,36.40), ele insistia em cuidar de cada pessoa com afeto maternal, vendo nos doentes o próprio Cristo crucificado. Camilo foi pioneiro em humanizar a assistência hospitalar, sendo uma presença protetora e servidora junto aos mais frágeis, mostrando que não se trata apenas de atender uma doença, mas uma pessoa inteira — corpo, alma, história e contexto. O Instituto de Cooperação para o Desenvolvimento da Saúde (ICDS) nasce para dar continuidade a esse legado, unindo excelência técnica, inovação em gestão e compromisso social . Por meio da marca UniHealth, o ICDS atua na gestão de hospitais, UPAs e clínicas, sempre priorizando a qualidade da experiência do paciente. Já sob a...

Homilia – 14º Domingo do Tempo Comum – Ano C

Leituras: Is 66,10-14c; Sl 65(66); Gl 6,14-18; Lc 10,1-12.17-20 Irmãos e irmãs, A liturgia deste 14º Domingo do Tempo Comum nos insere no coração da missão. O Evangelho segundo São Lucas nos apresenta Jesus enviando setenta e dois discípulos, dois a dois, às cidades e lugares onde Ele mesmo deveria ir. Essa missão, que já não é restrita apenas aos Doze, aponta para a vocação universal da Igreja: todos somos chamados a ser discípulos missionários. O envio é acompanhado de uma recomendação clara: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao dono da messe que mande trabalhadores para sua colheita” (Lc 10,2). O primeiro gesto do missionário não é sair correndo, mas rezar. A missão começa de joelhos, pedindo ao Senhor que envie operários. Jesus orienta seus discípulos a irem como cordeiros em meio a lobos. Eles não devem levar bolsa, nem sacola, nem sandálias. O Senhor exige desapego, leveza e confiança total na providência. A missão cristã não se apoia e...

Jesus continua nos enviando para a missão!

  Nas leituras litúrgicas do décimo quarto Domingo do Tempo Comum prevalece a temática do “envio”: Deus escolhe pessoas, confia-lhes uma missão e envia-as ao mundo e aos homens. Esses “enviados” atuam em nome de Deus e são chamados a testemunhar, no meio dos seus irmãos, o projeto que Deus tem para os homens e para o mundo. O Evangelho – Lc 10,1-12.17-20 – conta que Jesus, quando se dirigia para Jerusalém, enviou setenta e dois discípulos à sua frente, “a todas as cidades e lugares aonde Ele devia de ir”. A missão desses discípulos é a mesma de Jesus: propor a Boa Nova do Reino de Deus e “curar” todos os que estão feridos pela dureza da vida ou pela maldade dos homens. Pela ação dos “enviados” de Jesus, concretiza-se a vitória do Reino de Deus sobre tudo aquilo que oprime e escraviza os seres humanos. Além dos doze apóstolos, Jesus envia outros discípulos à sua frente. Ele envia setenta e dois discípulos, para lembrar os setenta e dois líderes de Israel – Nm 11,24-30 ...