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Mostrando postagens de abril, 2025

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Dom Anuar Batisti
Formado em filosofia no Paraná e em teologia pela Pontifícia Universidade Lateranense de Roma, Dom Anuar Battisti é Arcebispo Emérito de Maringá (PR). Em 15 de abril de 1998, por escolha do papa João Paulo II, foi nomeado bispo diocesano de Toledo, sendo empossado no mesmo dia da ordenação episcopal, em 20 de junho daquele ano. Em 2009 recebeu o título de Doutor Honoris Causa, um dos mais importantes, concedidos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Em 2007, foi presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Sagrada, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em 2015, foi membro do Conselho Administrativo da Pastoral da Criança Internacional e, ainda na CNBB, foi delegado suplente. No Conselho Episcopal Latino-Americano atuou como Presidente do Departamento das Vocações e Ministérios, até 2019.

Maio, Mês Mariano: Caminhar com Maria para Jesus

  O mês de maio é, na tradição da Igreja Católica, especialmente dedicado à Virgem Maria. É o Mês Mariano, um tempo profundamente devocional, no qual o povo de Deus volta seu olhar àquela que, com humildade e coragem, disse “sim” ao plano de Deus e tornou-se Mãe do Salvador e Mãe da Igreja. A dedicação do mês de maio a Maria tem raízes antigas. Desde o século XIII, já se celebravam festas em honra à Mãe de Deus nessa época do ano, e, a partir do século XVII, essa devoção foi sendo consolidada por comunidades religiosas e, mais tarde, difundida amplamente pelos Papas e pela piedade popular. Maio, mês da primavera no hemisfério norte, é simbolicamente associado à beleza, à vida e à renovação — atributos que também nos falam da presença maternal de Maria, sempre pronta a gerar Cristo em nossos corações. A figura de Maria ocupa um lugar especial nas Sagradas Escrituras. Desde o anúncio do anjo, quando ela responde “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua ...

Francisco, o Papa do Amor e da Misericórdia

  Com o coração entristecido, mas cheio de gratidão a Deus, unimo-nos à Igreja do mundo inteiro para render graças pela vida e missão do Papa Francisco, que hoje retorna à Casa do Pai. Sua partida marca o fim de uma era profundamente transformadora na história da Igreja, mas também o início de um tempo de memória viva, em que seus gestos, palavras e escolhas continuarão a inspirar gerações. Desde o momento em que apareceu na sacada da Basílica de São Pedro, na noite de 13 de março de 2013, pedindo humildemente a oração do povo antes de abençoá-lo, sabíamos que estávamos diante de um novo estilo de pontificado. Jorge Mario Bergoglio, o primeiro Papa latino-americano, jesuíta, escolheu o nome Francisco — e com ele abraçou a missão de ser sinal de simplicidade, cuidado com os pobres e testemunho radical do Evangelho. O Papa Francisco foi, acima de tudo, um pastor próximo, que não teve medo de ir ao encontro das periferias existenciais e geográficas. Com gestos concretos ...

A Alegria do Evangelho: Um Programa Missionário para a Igreja do Século XXI

  A Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (“A Alegria do Evangelho”), publicada pelo Papa Francisco em 24 de novembro de 2013, é um marco essencial do início de seu pontificado e se tornou um verdadeiro “programa” para a renovação missionária da Igreja. Nela, o Papa traça com clareza o caminho para uma Igreja mais próxima do povo, mais fiel ao Evangelho e mais comprometida com os pobres. Não se trata apenas de um documento entre tantos, mas de uma convocação vibrante e profética a todos os batizados: “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e comodidade de se agarrar às próprias seguranças” (EG, 49). O Papa inicia a exortação com uma afirmação decisiva: “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus” (EG, 1). Essa alegria é fruto de um encontro pessoal com Cristo vivo, e dela nasce o impulso missionário. Não é possível evangelizar de maneira verd...

Domingo de Páscoa

  Queridos irmãos e irmãs, “Cristo ressuscitou! Verdadeiramente ressuscitou! Aleluia!” Com essas palavras antigas e sempre novas, a Igreja se enche de júbilo ao celebrar o Domingo da Ressurreição, a Páscoa do Senhor. Após o caminho austero da Quaresma e o silêncio profundo do Sábado Santo, rompe-se a aurora do primeiro dia da nova criação. A pedra foi removida. O túmulo está vazio. A morte foi vencida. A vida ressurgiu. Este é o dia em que o Senhor agiu: exultemos e alegremo-nos nele! (cf. Sl 117,24). A ressurreição de Jesus Cristo não é apenas um consolo espiritual ou um símbolo de superação: é o fato decisivo da fé cristã. São Paulo o afirmou com firmeza: “Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé” (1Cor 15,14). Sem a Páscoa, o cristianismo se reduziria a um código moral ou a uma filosofia entre tantas. Com a ressurreição, porém, sabemos que Deus venceu a morte e nos abriu um caminho de vida eterna. A Páscoa é, portanto, mais que uma...

Vigília Pascal: A luz de Cristo ilumina as trevas!

 Queridos irmãos e irmãs em Cristo, Com grande júbilo, a Igreja se reúne na noite mais santa do ano litúrgico, a Vigília Pascal, para celebrar a vitória definitiva da vida sobre a morte, da luz sobre as trevas, da esperança sobre o desespero. Depois do silêncio contemplativo do Sábado Santo, rompe-se a aurora da ressurreição, e com ela ressoa, cheio de glória, o canto do Aleluia que esteve suspenso durante toda a Quaresma. A Vigília Pascal não é apenas uma celebração, mas o coração pulsante da fé cristã. É uma liturgia viva, que une memória, presença e profecia. Ela nos introduz no mistério da Páscoa de Cristo, não como espectadores, mas como participantes. Somos conduzidos, passo a passo, da escuridão à luz, da Palavra à promessa, da água ao Espírito, do pão à comunhão. 1. A Liturgia da Luz: a noite iluminada por Cristo A Vigília se inicia com a bênção do fogo novo. Nas trevas da noite, a Igreja se volta para o Círio Pascal, símbolo de Cristo ressuscitado, luz do mun...

O Silêncio do Sábado Santo

  Queridos irmãos e irmãs em Cristo, Celebrar o Sábado Santo é entrar, com a Igreja inteira, no grande silêncio do mistério pascal. É o dia em que a terra se cala e o céu parece suspenso. A liturgia se recolhe. Os sinos emudecem. O altar permanece desnudo. Tudo nos convida a silenciar também o coração, a viver a espera, a deixar que o mistério fale mais alto que as palavras. Depois do grito da cruz – “Tudo está consumado” –, resta-nos o silêncio. Não é um silêncio de desespero, mas de esperança escondida, semelhante ao ventre da terra que guarda a semente. No sepulcro, repousa o Corpo do Senhor, mas a vida ainda pulsa, escondida, invisível aos olhos humanos, aguardando a hora da revelação. O Sábado Santo é este intervalo sagrado entre a entrega e a vitória, entre a morte e a ressurreição, entre a dor e a glória. Neste dia, a Igreja contempla, de modo especial, a figura de Maria Santíssima, a Mãe das Dores, que permanece firme na fé, mesmo quando tudo parece perdido. M...

As Sete Palavras de Jesus na Cruz

  A Celebração das Sete Palavras de Jesus na Cruz é uma tradição piedosa profundamente tocante e espiritual, especialmente vivida na Sexta-feira Santa ou em momentos especiais de retiro e contemplação. Esta celebração é uma prática devocional muito difundida em diversas comunidades cristãs. Nela, os fiéis são convidados a meditar profundamente sobre as últimas palavras pronunciadas por Cristo antes de sua morte, conforme registradas nos Evangelhos. Estas sete frases, conhecidas como “as sete palavras”, são verdadeiras joias de espiritualidade, nas quais Jesus expressa, em meio à dor extrema, a totalidade de seu amor, perdão, humanidade e entrega ao Pai. Cada uma delas é uma fonte de graça, reflexão e convite à conversão do coração. As sete palavras são extraídas dos quatro Evangelhos e, quando colocadas em sequência, revelam a profundidade do mistério da cruz: 1. “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34) A primeira palavra revela o coração misericor...

O Descendimento da Cruz: um gesto de amor e compaixão

 O Descendimento da Cruz é uma das cenas mais comoventes da Paixão de Cristo. Após a crucifixão e morte de Jesus, José de Arimateia, acompanhado de Nicodemos, pede a Pilatos o corpo do Senhor para sepultá-lo com dignidade (cf. Jo 19,38-40). Esse momento, frequentemente representado na arte sacra e na piedade popular, revela a grandeza do amor humano diante do mistério divino. Ao descer Jesus da cruz, seus amigos e seguidores realizam um gesto profundamente simbólico: tiram da cruz não apenas um corpo martirizado, mas expressam, com ternura e reverência, a esperança que ainda pulsa mesmo diante da morte. A Mãe, Maria, recebe novamente o Filho nos braços — desta vez sem vida — repetindo, com lágrimas, o acolhimento feito na Encarnação. Maria está presente nesse momento, silenciosa e firme, como esteve ao pé da cruz. Seu coração materno transpassado pela espada do sofrimento (cf. Lc 2,35) abraça agora o corpo de Jesus com o mesmo amor com que o envolveu em Belém. Também ...

A Missa da Ceia do Senhor: O Amor até o Fim

 A Missa da Ceia do Senhor, celebrada na noite da Quinta-feira Santa, inaugura o Tríduo Pascal, o coração do ano litúrgico cristão. Essa celebração solene rememora a instituição da Eucaristia e do sacerdócio ministerial por Jesus na Última Ceia, e manifesta, com gestos e símbolos, o mandamento do amor, vivido até a doação total de si mesmo na cruz. É uma das liturgias mais intensas da Semana Santa, pois une três grandes dimensões da fé cristã: o Sacramento da Eucaristia, o serviço fraterno, e a entrega amorosa de Cristo, que se prepara para sua Paixão e Morte. Na Última Ceia, Jesus antecipa sacramentalmente o que viverá no Calvário. Ao tomar o pão e o vinho, Ele os transforma em seu Corpo e Sangue, entregues por amor. É o momento em que nasce o Sacramento da Eucaristia, memorial da nova e eterna aliança. “Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, e, tendo pronunciado a bênção, partiu-o e deu aos discípulos, dizendo: ‘Tomai e comei, isto é o meu corpo’. Em seguida, tomou o c...

A Oitava da Páscoa: oito dias para viver a alegria da Ressurreição

A Páscoa do Senhor é a maior e mais solene celebração da fé cristã. É o coração do ano litúrgico, a festa da vida nova que brota da vitória de Cristo sobre o pecado e a morte. E tamanha é a importância deste mistério, que a Igreja não o celebra apenas em um único dia, mas o prolonga por oito dias consecutivos, como se fossem um só e único dia de festa: a Oitava da Páscoa. Na tradição litúrgica da Igreja, algumas grandes solenidades são prolongadas por meio de uma “oitava” — um período de oito dias que tem seu início na própria solenidade e se estende até o domingo seguinte. No caso da Páscoa, a Oitava começa no Domingo da Ressurreição e vai até o Segundo Domingo da Páscoa, também chamado Domingo da Divina Misericórdia, instituído por São João Paulo II. Cada dia da Oitava é celebrado como uma solene festividade pascal, com cantos, aclamações e liturgias que mantêm o tom jubiloso do Domingo da Ressurreição. Não há jejuns nem memórias obrigatórias: é tempo de exultar, cantar...

Mensagem aos Sacerdotes

 Queridos irmãos no sacerdócio, Ao entrarmos na celebração solene da Semana Santa, dirijo-me a cada um de vocês com profunda gratidão, estima e oração. Neste tempo sagrado em que revivemos os mistérios centrais da nossa fé — a paixão, a morte e a ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo —, desejo reconhecer e agradecer pela entrega generosa que cada um de vocês realiza no ministério presbiteral. É comovente contemplar, ano após ano, a dedicação de tantos irmãos sacerdotes que, mesmo entre cruzes pessoais, não deixam de conduzir com zelo e fé o povo de Deus ao coração do mistério pascal. A cada celebração, a cada gesto litúrgico, a cada confissão ou visita pastoral, vocês tornam visível e concreta a presença do Bom Pastor que dá a vida por suas ovelhas. Na Quinta-feira Santa, ao repetirem os gestos do Senhor na Ceia e ao lavarem os pés de seus irmãos, são testemunhas de um sacerdócio que se faz serviço. Na Sexta-feira, ao conduzir a assembleia diante do Crucificado, s...

Sermão das Dores de Nossa Senhora

Irmãos e irmãs, paz e esperança! Chegamos à Quarta-feira Santa, dia em que o nosso coração se volta com ternura e reverência para contemplar as Dores de Nossa Senhora. Nesta Semana Maior, em que revivemos os passos da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, somos convidados a caminhar com Maria, a Mãe Dolorosa, que se fez silenciosa testemunha do sofrimento do Filho. Hoje, não meditamos apenas sobre a dor, mas sobre um amor que sabe sofrer, um coração que sabe confiar, mesmo quando tudo parece perdido. O coração transpassado de Maria Desde que Maria disse “sim” ao anjo, ela entregou-se totalmente ao mistério de Deus. Ela sabia que seu Filho era o Salvador, o Messias prometido. Mas não podia imaginar a profundidade da dor que enfrentaria. O velho Simeão, no templo, havia profetizado: “Uma espada transpassará a tua alma” (Lc 2,35). E essa profecia se cumpriu ao longo da vida de Maria. Cada passo de Jesus em direção à cruz, foi também uma ferida no coração de sua Mãe. Hoje, rev...

Sermão da Semana Santa

 “Eis que subimos a Jerusalém” (Mt 20,18) Queridos irmãos e irmãs em Cristo, Hoje entramos na Semana Santa, o coração do ano litúrgico, o tempo mais sagrado de nossa fé. Uma semana em que os céus se curvam sobre a terra, e Deus se aproxima de nós no mistério de sua Paixão, Morte e Ressurreição. Jesus mesmo nos diz: “Eis que subimos a Jerusalém” (Mt 20,18). Não subimos para uma festa qualquer. Subimos com Ele ao Calvário. E subimos para contemplar o mistério do amor mais profundo que já existiu: um Deus que morre por nós. A semana do amor até o fim A Semana Santa é a semana do amor levado até as últimas consequências. Não é apenas a memória de um sofrimento antigo. É a atualização do maior gesto de salvação da humanidade. Jesus não morreu “há dois mil anos”. Ele morre por nós hoje, cada vez que nos unimos a Ele nesta celebração. São João nos recorda: “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1). Este “fim” é a cruz. É o abandono. É o silêncio da mo...

A Missa do Crisma

  A Missa do Crisma é uma das celebrações mais significativas do calendário litúrgico católico. Geralmente presidida pelo bispo na manhã da Quinta-feira Santa — embora, por razões pastorais, possa ser antecipada para outro dia da Semana Santa —, ela reúne o clero e os fiéis de toda a diocese em torno de três importantes gestos eclesiais: a consagração dos santos óleos, a renovação das promessas sacerdotais e a expressão concreta da comunhão eclesial. Essa celebração é um sinal visível da fé que professamos: o Cristo que nos salva é o Ungido do Pai, aquele sobre quem repousa o Espírito (cf. Lc 4,18). Ele mesmo nos comunica seu Espírito Santo por meio dos sacramentos, fazendo-nos partícipes da sua missão. A Missa do Crisma é, portanto, uma celebração profundamente cristológica e pneumatológica, centrada na ação salvífica de Jesus e no dom do Espírito que unge, consagra, cura e fortalece. Ao redor do altar, nesta celebração solene, o povo de Deus reconhece o vínculo que ...

Ação Litúrgica da Sexta-feira – 15 horas

 A Ação Litúrgica da Sexta-feira Santa, celebrada tradicionalmente às 15h, é uma das celebrações mais solenes e comoventes do calendário litúrgico cristão. Nesse dia, a Igreja silencia o altar e se reveste de luto e contemplação, pois celebra a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, o justo que se entregou pelos pecadores. Não se trata de uma missa, pois a Igreja se abstém da Eucaristia neste dia; em vez disso, realiza-se uma ação litúrgica marcada por sobriedade, reverência e profunda espiritualidade, centrada na cruz redentora. A hora das 15h tem profundo significado bíblico e espiritual. Os evangelhos relatam que foi nesse momento que Jesus expirou na cruz: “Por volta da hora nona, Jesus bradou em alta voz: ‘Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?’ [...] E, clamando outra vez com voz forte, Jesus entregou o espírito” (Mt 27,46.50). A tradição da Igreja escolheu essa hora para celebrar a Paixão do Senhor, unindo-se ao sacrifício do Cristo no Calvário com a...

Via Sacra

 A Via-Sacra, também chamada de Caminho da Cruz ou Via Crucis, é uma das mais tradicionais e tocantes expressões da piedade popular cristã. Trata-se de uma oração devocional que recorda, medita e contempla os passos de Jesus Cristo desde a condenação até sua morte e sepultura. Nascida do desejo dos cristãos de acompanharem espiritualmente os últimos momentos da vida de Jesus, a Via-Sacra é uma verdadeira escola de fé, compaixão e esperança, e convida os fiéis a caminharem com o Senhor pelos caminhos da dor redentora, mas também da vitória do amor. A origem da Via-Sacra remonta aos primeiros séculos do cristianismo, quando peregrinos visitavam os lugares sagrados em Jerusalém. No século XIV, com a difusão do espírito franciscano, essa prática ganhou forma e se espalhou pelo mundo. A versão mais comum contempla quatorze estações, que representam momentos marcantes da Paixão do Senhor, desde a condenação por Pôncio Pilatos até o sepultamento. Em algumas versões mais rece...

Sermão do Encontro

 Terça-feira Santa – Semana Santa Irmãos e irmãs, paz e bem! Hoje, nesta Terça-feira Santa, a Igreja nos reúne para celebrar um dos momentos mais comoventes da Paixão: o Encontro de Jesus com sua Mãe, Maria Santíssima, no caminho do Calvário. É uma cena silenciosa, mas poderosa. Uma troca de olhares entre o Filho ensanguentado e a Mãe de coração dilacerado. Nenhuma palavra é registrada nas Escrituras. Mas o silêncio deste momento fala mais alto que mil discursos. Hoje somos convidados a entrar nesse silêncio sagrado. A caminhar com Maria. A chorar com Ela. A seguir Jesus. O caminho da cruz: dor e fidelidade Jesus carrega a cruz. Seu corpo está ferido, Seu rosto ensanguentado, Seus passos vacilantes. A multidão O empurra, os soldados O humilham, e alguns O observam com desprezo. É o justo condenado, o inocente entregue. De repente, no meio do caminho, um olhar o encontra. É o olhar da Mãe. Maria está lá. Não fugiu. Não se escondeu. Ela quis vê-Lo. Quis estar com Ele. ...

Sermão do Depósito

Segunda-feira Santa – Ofício das Trevas Meus irmãos e minhas irmãs, Hoje nos reunimos para mergulhar no silêncio e na sombra da noite em que o Senhor começou a ser entregue. A liturgia nos conduz ao chamado Ofício das Trevas, e com ele, ao início da escuridão que cobre o coração da humanidade. É a noite da solidão de Cristo, noite da traição, noite da agonia que antecede a cruz. Nesta celebração, meditamos sobre o Depósito do Santíssimo Sacramento, sinal profundo do recolhimento e do abandono que marcarão os passos de Jesus até o Calvário. Esta é a Segunda-feira Santa, e com ela damos os primeiros passos rumo ao mistério pascal. Já não há espaço para distrações. O tempo se torna sagrado. O coração se reveste de compunção. Toda a Igreja caminha em silêncio, em atitude de reverência, diante do que está para acontecer. Jesus será entregue. Não por força, mas por amor. Não por fraqueza, mas por obediência ao Pai. Hoje contemplamos o início de um lento desenlace. A trama da sa...

Jesus doa a sua vida por nós! Hosana ao Filho de Davi!

  A liturgia deste último Domingo do tempo quaresmal, Domingo de Ramos, convida-nos a contemplar esse Deus que, por amor, desceu ao nosso encontro, partilhou a nossa humanidade, fez-Se servo dos homens, deixou-Se matar para que o egoísmo, a maldade e o pecado fossem vencidos. Por Jesus, Deus ofereceu-nos a possibilidade de uma Vida nova. Durante as cinco semanas da Quaresma preparamos o nosso coração pela penitência e obras de caridade. Jesus para consumar o mistério da paixão, morte e ressurreição adentra em Jerusalém, sua cidade. Nós reviveremos a mesma entrada de Jesus em sua cidade, na memória desta entrada, sigamos os passos de nosso Salvador para que, associados pela graça à sua cruz, participemos também de sua ressureição e de sua vida. Iniciamos hoje a celebração do Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. A entrada do Senhor na Cidade Santa, Jerusalém, o levará ao sofrimento e à crucificação, contudo, culminará em sua gloriosa Ressurreição. Aclamado ...

Hosana ao Filho de Davi!

 Queridos irmãos e irmãs em Cristo, Neste Domingo de Ramos, damos início à Semana Santa, o tempo em que relembramos os momentos cruciais da vida, da paixão e da ressurreição de nosso Senhor. Hoje, a liturgia nos convida a acompanhar Jesus em sua entrada triunfal em Jerusalém, um episódio que, apesar de ser marcado por aclamações de “Hosana!”, prenuncia o mistério da cruz. Assim, somos chamados a meditar sobre a profundidade do amor de Deus e a complexidade do coração humano diante do mistério salvador. No evangelho de João, somos apresentados a esta cena com as palavras: “Chegou à multidão que ia a Jerusalém, aclamando: ‘Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel!” (João 12,12-13) Essas palavras não apenas narram um evento histórico, mas nos desafiam a compreender o significado da aclamação e da esperança que se mistura com o anúncio de redenção. Os ramos que hoje carregamos transcendem o mero simbolismo floral. Eles são emblemas da vida que se renov...