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Mostrando postagens de agosto, 2025

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Dom Anuar Batisti
Formado em filosofia no Paraná e em teologia pela Pontifícia Universidade Lateranense de Roma, Dom Anuar Battisti é Arcebispo Emérito de Maringá (PR). Em 15 de abril de 1998, por escolha do papa João Paulo II, foi nomeado bispo diocesano de Toledo, sendo empossado no mesmo dia da ordenação episcopal, em 20 de junho daquele ano. Em 2009 recebeu o título de Doutor Honoris Causa, um dos mais importantes, concedidos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Em 2007, foi presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Sagrada, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em 2015, foi membro do Conselho Administrativo da Pastoral da Criança Internacional e, ainda na CNBB, foi delegado suplente. No Conselho Episcopal Latino-Americano atuou como Presidente do Departamento das Vocações e Ministérios, até 2019.

Plantando Esperança – Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação 2025

Neste 1º de setembro de 2025, celebramos o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, ocasião em que somos convidados a refletir sobre o nosso papel como guardiões da Terra, nossa casa comum. Este ano, o tema “Sementes de Esperança” nos lembra que cada ação, por menor que seja, pode gerar vida, transformação e futuro. A Igreja nos mostra que a esperança se concretiza em gestos que cuidam da criação e promovem a dignidade de cada pessoa. Vivemos um momento histórico especial com o Jubileu “Peregrinos de Esperança”, em memória dos 2025 anos da encarnação do Redentor Jesus. Um tempo de graça e renovação, querido pelo saudoso Papa Francisco, no qual somos chamados a cultivar atitudes de fé, solidariedade e cuidado com o mundo que Deus nos confiou. A esperança cristã, como nos ensina São Paulo, não decepciona, porque nasce da confiança no amor e na providência de Deus, que acompanha cada um de nós, mesmo nos pequenos gestos do cotidiano. Cuidar da criação é, antes de tudo,...

Homilia – 22º Domingo do Tempo Comum – Ano C

 Amados irmãos e irmãs, Hoje, a liturgia nos convida a refletir sobre a humildade, a gratuitidade e a abertura aos últimos como marcas do verdadeiro discípulo de Cristo. As leituras deste domingo nos apresentam um mesmo caminho: reconhecer que diante de Deus não há grandezas humanas que nos salvem; apenas a humildade e o serviço movidos pelo amor. Na primeira leitura, do livro do Eclesiástico (Eclo 3,17-18.20.28-29), somos aconselhados: “Filho, realiza teus trabalhos com mansidão e serás amado mais do que um homem generoso. Quanto mais importante fores, mais te humilha, e encontrarás graça diante do Senhor”. Este trecho nos ensina que o valor humano não se mede por prestígio, posição ou bens, mas pela capacidade de humildade e serviço sincero. O texto nos lembra que Deus olha o coração e que, quando nos aproximamos d’Ele com mansidão, Ele nos exalta. É uma lógica que se opõe ao que o mundo valoriza, mas é a lógica do Reino de Deus. O Salmo Responsorial (Sl 67) reforça...

Jesus nos convida a viver a simplicidade e a gratuidade do Reino de Deus!

Sobre que valores devemos alicerçar a nossa vida? A soberba, a ambição, a ganância, a arrogância, a obsessão pelas honrarias, as apostas interesseiras, serão bons companheiros de caminho? A Palavra de Deus que nos é servida neste dia convida-nos a optar por valores que nos humanizem, que deem profundidade à nossa vida, que nos abram à fraternidade, que nos tornem testemunhas e arautos do mundo novo sonhado por Deus. Na primeira leitura – Ecl 3,19-21.30-31 –, um sábio judeu dos inícios do séc. II a.C. exorta os seus concidadãos a não se deixarem deslumbrar pela arrogante cultura helénica. O autor ressalta duas atitudes – ou modos de viver – que se opõem: a do humilde e do orgulhoso. O humilde, cujo coração se abre à sabedoria, sabe ser agradável a Deus e às pessoas e é amado por eles. Para o orgulhoso, ao contrário, não há remédio, pois o mal está enraizado em seu coração, ele segue o caminho da autossuficiência e da arrogância. Sugere-lhes que, fiéis aos valores dos antep...

O báculo e a cruz: símbolos de proximidade

Assinar este artigo em diálogo com o livro Coração de Pastor, de Dom João Bosco Óliver de Faria, é deixar-se guiar por páginas que são, ao mesmo tempo, memória e profecia. O autor não escreve como teórico distante, mas como quem viveu com intensidade o ministério episcopal e o traduziu em testemunho espiritual. Sua obra é um espelho no qual cada bispo pode rever-se e, ao mesmo tempo, ser interpelado. Entre as imagens mais belas e fortes que encontrei está a do báculo. Dom João Bosco afirma que essa insígnia só tem sentido se houver rebanho, razão pela qual bispos auxiliares ou que exercem funções diplomáticas não o utilizam. Isso devolve ao báculo a sua dignidade original: não se trata de um bastão decorativo, mas de instrumento de proximidade. O bispo não conduz a distância, mas caminha à frente, com o báculo na mão, sustentando os fracos, corrigindo os que se perdem, amparando os cansados. Essa reflexão remete diretamente à imagem do saudoso papa Papa Francisco quando p...

O testemunho dos leigos

Agosto é, para nós, mês vocacional. Um tempo em que a Igreja no Brasil se reúne em oração e reflexão para redescobrir a beleza de cada chamado que brota do coração de Deus e se concretiza na vida de seus filhos e filhas. Ao longo destas semanas, recordamos com gratidão os ministros ordenados, a vida consagrada, a família e, de modo muito especial neste quarto domingo, a vocação dos leigos e leigas. O leigo é aquele que, mergulhado no mundo, carrega consigo a missão de testemunhar o Evangelho no trabalho, na vida política, na cultura, na economia, nas artes e nas mais diversas expressões do convívio humano. Como nos recorda o Concílio Vaticano II, sua missão é “ordenar as coisas temporais segundo Deus”, ou seja, transformar o mundo a partir de dentro, como fermento na massa. É uma vocação grandiosa, que não se restringe a colaborar com o padre na comunidade, mas que se desdobra no dia a dia, onde a vida acontece. Vivemos um tempo novo na Igreja. O Papa Francisco, cuja part...

A salvação é para todos!

Para onde caminhamos? O que nos espera no final do caminho? Como devemos viver para que a nossa vida não termine num fracasso? A Palavra de Deus que nos é proposta neste vigésimo primeiro domingo comum pretende responder a estas questões. O tema central da missa de hoje é a salvação, proposto porá alguém que se dirige a Jesus, perguntando-lhe: “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam? – Lc 13,23. Convida-nos a caminhar de olhos postos na salvação que Deus nos quer oferecer. Diz-nos em que direção devemos caminhar para lá chegar. Na primeira leitura – Is 66,18-21 –, um profeta não identificado desvela-nos o projeto que Deus tem para a humanidade: reunir à sua volta, na cidade da fraternidade e da paz, homens e mulheres de todas as nações e línguas, numa comunidade universal de salvação. Trata-se do “advento messiânico”, ou seja, olha para o futuro e vê a possibilidade da união das pessoas e de todos os povos, superando o exclusivismo judaico. Essa será a meta fi...

21º domingo do tempo comum

Amados irmãos e irmãs em Cristo, Hoje, celebramos o 21º Domingo do Tempo Comum, Ano C, e a liturgia da Palavra nos convida a refletir sobre a universalidade da salvação, o caminho da conversão e a exigência do seguimento fiel a Cristo. Na primeira leitura, o profeta Isaías nos transmite uma promessa divina extraordinária: “Eu virei para reunir todas as nações e línguas; elas virão e verão a minha glória” (Is 66,18). A salvação de Deus não é restrita a um povo ou a um território, mas aberta a todos. O Senhor envia mensageiros “até os confins mais distantes do mar” (Is 66,19) para proclamar sua glória. Aqui, já vislumbramos o horizonte missionário da Igreja: ser testemunha viva da misericórdia de Deus para todos os povos, sem fronteiras, sem exclusões. O Salmo 116(117) é a mais breve das orações da Escritura, mas de uma força universal: “Nações todas, glorificai ao Senhor, povos todos, aclamai-o!” (Sl 116,1). A liturgia une-se ao cântico do salmista para reafirmar que Deus ...

Um clamor de fé pela paz: a Igreja unida ao apelo do Papa Leão XIV

  Amados irmãos e irmãs em Cristo, Na última audiência geral da quarta-feira, dia 20 de agosto, o Santo Padre, o Papa Leão XIV, lançou ao mundo um apelo que ecoa fundo em nossa consciência cristã e nos desafia a uma resposta concreta da fé: um dia de jejum e oração pela paz. Vivemos tempos marcados por conflitos que dilaceram povos, destroem famílias, ceifam vidas inocentes e aprofundam divisões entre nações. A convocação do Papa não é um gesto meramente simbólico; é um chamado urgente para que, como Igreja, façamos ressoar no mundo a força transformadora da oração unida, acompanhada da renúncia e da solidariedade. Não é a primeira vez que o Sucessor de Pedro pede ao rebanho de Cristo que se coloque de joelhos diante do Senhor em favor da paz. Recordemos momentos recentes e também mais distantes da história em que a oração dos fiéis se fez escudo contra a violência. O Papa São João Paulo II, por exemplo, convocou dias de jejum e oração nos momentos dramáticos da guerr...

Nossa Senhora é elevada ao céu!

  Celebramos, neste terceiro domingo de agosto de 2025, a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora aos céus. A Assunção de Nossa Senhora é, para nós, causa de “inabalável esperança e consolo para o povo peregrino”: realizou-se nela o que esperamos que se realize em nós no fim dos tempos. As leituras rezam este mistério. Na primeira leitura – Ap 11,19a; 12,1,3-6a.10ab – mostra que as visões do Apocalipse se exprimem numa linguagem codificada. Elas revelam que Deus arranca os seus fiéis de todas as formas de morte. Por transposição, a visão o sinal grandioso pode ser aplicada a Maria. O livro do Apocalipse foi composto no ambiente das perseguições que se abatiam sobre a jovem Igreja, ainda tão frágil. O profeta cristão evoca estes acontecimentos numa linguagem codificada, em que os animais terrificantes designam os perseguidores. A Mulher pode representar a Igreja, novo Israel, o que sugere o número doze (as estrelas). O seu nascimento é o do batismo que deve dar à terra ...

Homilia – 20º Domingo do Tempo Comum – Ano C

Queridos irmãos e irmãs, A Palavra de Deus deste 20º. Domingo do Tempo Comum nos provoca. Este domingo do tempo comum é celebrado nos lugares aonde se celebra a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora no próprio dia 15 de agosto. Jesus diz no Evangelho (Lc 12,49): “Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso!”. Não é um Jesus “paz e amor” no sentido superficial, mas um Senhor que acende um fogo que transforma e purifica. Esse fogo é o Espírito Santo e a verdade do Evangelho, que não deixa ninguém neutro: ou se acolhe e se é transformado, ou se rejeita e se entra em conflito. A primeira leitura, de Jeremias (Jr 38), nos mostra que anunciar a verdade de Deus tem um preço. Jeremias foi acusado de desanimar o povo e traí-lo, quando na verdade era fiel à missão que Deus lhe confiou. Por isso, foi lançado numa cisterna lamacenta para morrer. Mas Deus não o abandonou: por meio de um estrangeiro, o etíope Ebed-Melec, o profeta foi retirado e salv...

Solenidade da Assunção de Nossa Senhora: Maria é elevada aos céus!

  Queridos irmãos e irmãs, No terceiro domingo de agosto, no Brasil transferido da última sexta-feira, dia 15 de agosto, celebramos a vitória de Deus na vida da sua serva fiel: a Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria, elevada de corpo e alma ao céu. Esta festa une o mistério de Cristo ao destino da sua Mãe e nos revela também qual é a nossa vocação final. Na primeira leitura, de Apocalipse 11,19a; 12,1-6a.10ab, São João nos diz: “Apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas”. Essa Mulher é, ao mesmo tempo, imagem da Igreja e de Maria. Nela vemos o esplendor de quem foi revestida pela graça de Deus. O dragão que tenta devorar o Filho representa o mal que quer destruir o projeto de salvação, mas o texto afirma: “Agora realizou-se a salvação, a força e o reino do nosso Deus”. A Assunção é a prova de que o mal não vence e que, em Cristo, a vida é mais forte que a morte. O Salmo 44(45)...

Homilia da Vigília da Assunção de Nossa Senhora

 Irmãos e irmãs em Cristo, Reunimo-nos nesta noite santa para celebrar a Assunção da Santíssima Virgem Maria, mistério de esperança e de vitória, antecipação do destino glorioso que também é prometido a nós, que ouvimos e vivemos a Palavra de Deus. A primeira leitura nos fala de Davi conduzindo a Arca da Aliança para Jerusalém (1Cr 15,3-4.15-16; 16,1-2). A Arca, sinal da presença de Deus no meio do povo, era revestida de ouro e guardava as tábuas da Lei. Hoje, porém, contemplamos Maria como a verdadeira Arca da Nova Aliança: em seu seio não esteve apenas a Lei escrita em pedra, mas o próprio Filho de Deus vivo, a Palavra feita carne. Por isso, assim como a antiga Arca foi conduzida em procissão com cânticos, também nós louvamos Maria, conduzida por Deus à glória do céu. O salmo retoma esse simbolismo, proclamando: “Subi, Senhor, para o lugar de vosso pouso, subi vós com vossa arca poderosa” (Sl 131). A Igreja vê nesse versículo uma profecia do destino de Maria: aquela...

Terceiro Domingo da Vida Consagrada – Um Sinal Vivo do Reino de Deus

O mês vocacional é um tempo especial de oração e reflexão para toda a Igreja no Brasil. Nele, cada domingo nos convida a contemplar uma dimensão diferente da vocação cristã. No terceiro domingo, voltamos o coração e o olhar para a vida religiosa consagrada — dom precioso que o Espírito Santo oferece à Igreja para torná-la mais fiel ao Evangelho e mais próxima dos pobres e esquecidos. No Sermão da Montanha, Jesus declara: “Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte” (Mt 5,14). A vida consagrada é exatamente isso: uma luz que não se apaga, mesmo nas noites mais escuras da humanidade. Religiosas e religiosos, vivendo os conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência, tornam-se sinais luminosos de que Deus continua a agir no meio do seu povo. Sua vida é um anúncio silencioso, mas eloquente, de que Cristo é suficiente e de que o Reino de Deus já está presente entre nós. O Espírito Santo, que é criador de comunhão, faz nascer ao lo...

Jesus nos quer sempre vigilantes!

  Necessitamos continuamente de redescobrir o nosso lugar e o nosso papel no projeto que Deus tem para nós e para o mundo. A Palavra de Deus que a liturgia deste 19º Domingo do Tempo Comum nos propõe lembra-nos isso mesmo. Diz-nos que viver de braços cruzados, numa existência de comodismo e resignação, é malbaratar a vida. Deus precisa de nós, Deus conta conosco; quer-nos despertos, atentos, comprometidos com a construção de um mundo mais justo, mais humano e mais feliz. Na primeira leitura – Sb 18,6-9 – um “sábio” de Israel recorda a noite em que Deus libertou os hebreus da escravidão do Egito. Para os egípcios, foi uma noite de desolação e de morte; para os hebreus, foi uma noite de libertação e de glória. Os hebreus perceberam nessa noite, que caminhar com Deus e seguir as indicações que Ele deixa é fonte permanente de vida e de liberdade. É nessa direção que o “sábio” nos convida a construir a nossa vida. Toda a comunidade deve estar vigilante e fiel até a liberta...

Dia dos pais – aquele que gera vida e caminha ao lado dela

 Neste Dia dos Pais, volto meu coração em prece por todos aqueles que receberam de Deus a graça e a responsabilidade da paternidade. Ser pai é mais do que gerar uma vida: é caminhar ao lado dela. É ser presença firme, mas também ter o coração aberto, capaz de se comover, silenciar e acolher. Vivemos tempos em que, infelizmente, se perpetua uma ideia distorcida da figura paterna: a de que o pai precisa ser duro, distante ou incapaz de expressar afeto. Mas a Palavra de Deus nos apresenta outra imagem — a do pai que ama com ternura, que educa sem ferir, que se entrega sem reservas. No Antigo Testamento, vemos Abraão, pai da fé (Gn 17,5), que foi capaz de ouvir a voz de Deus e confiar, mesmo quando tudo parecia incerto. Ele nos ensina que ser pai é, acima de tudo, confiar e caminhar com Deus, mesmo sem ver o caminho inteiro. Também vemos Jacó, que lutou com o anjo (Gn 32,25-30), mas lutava também pelas suas famílias, pelos seus filhos, com todas as suas limitações. Davi, ...

Homilia – 19º Domingo do Tempo Comum – Ano C

Irmãos e irmãs em Cristo, As leituras deste 19º Domingo do Tempo Comum nos convidam a viver com fé, vigilância e esperança, atitudes fundamentais para aqueles que caminham com o Senhor. O fio condutor entre as leituras é a fé como resposta ativa à promessa de Deus, mesmo quando ela ainda não se concretizou plenamente. Na primeira leitura, retirada do Livro da Sabedoria (Sb 18,6-9), recorda-se a noite da libertação do Egito, quando os hebreus confiaram na promessa de Deus e celebraram, antecipadamente, a salvação que ainda estava por vir: “Aquela noite fora previamente anunciada a nossos pais, para que, sabendo a que juramentos haviam dado crédito, se conservassem corajosos” (Sb 18,6). Aqui vemos uma fé operante, que transforma a espera em preparação, a promessa em ação. Esse espírito de confiança e fidelidade está presente também em Abraão, figura central da segunda leitura, da Carta aos Hebreus (Hb 11,1-2.8-19). O autor define a fé como “a certeza a respeito do que não s...

Semana Nacional da Família: berço da vida e santuário do amor

 Celebrar a Semana Nacional da Família é voltar o olhar e o coração para a base de toda a sociedade: a família. Desde 1992, por iniciativa da Comissão Nacional da Pastoral Familiar da CNBB, somos convidados, todos os anos no mês de agosto, a viver intensamente essa semana como um tempo de graça, de escuta, de renovação e de compromisso com as famílias do nosso país. No contexto do Ano Santo de 2025, proclamado pelo Papa Francisco como Jubileu da Esperança, essa celebração assume um valor ainda mais profundo. A família cristã é, por excelência, espaço de esperança. Em meio aos desafios do mundo contemporâneo — marcados por crises econômicas, relativismo moral, violência e isolamento —, a família continua sendo o lugar onde a fé é transmitida, o amor é experimentado e a dignidade da vida é respeitada. Neste ano, o tema proposto — Família, fonte de vocações — remete diretamente à consciência de que a vida cristã nasce na experiência familiar. Antes de sermos chamados ao ...

Santa Casa e UNIICA: compromisso com a vida e com o Paraná

  A inauguração do novo Ambulatório SUS da UNIICA, nesta sexta-feira, 1º de agosto de 2025, em Curitiba, é um marco que merece ser celebrado por toda a sociedade paranaense. Não se trata apenas da abertura de mais um espaço físico, mas do fortalecimento de uma rede que tem como missão central a promoção da vida, da dignidade humana e do cuidado integral com a saúde mental — especialmente dos que mais necessitam. A Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, instituição centenária e símbolo da solidariedade cristã, reafirma com esta inauguração seu compromisso histórico com o povo do Paraná. Desde suas origens, as Santas Casas surgiram como expressão concreta da misericórdia cristã, inspiradas no Evangelho e nas obras de caridade, acolhendo os doentes, os pobres e os esquecidos. Em um tempo como o nosso, em que tantos clamam por escuta, acolhimento e tratamento digno, especialmente no campo da saúde mental, a Santa Casa permanece fiel a essa vocação. A parceri...

Solenidade da Transfiguração do Senhor – Ano C

  Amados irmãos e irmãs, Hoje, dia 06 de agosto, a Igreja celebra a Solenidade da Transfiguração do Senhor, um momento luminoso da vida de Jesus, em que Ele revela sua glória divina a três de seus discípulos. Esta festa, celebrada em 6 de agosto, convida-nos a contemplar o rosto glorioso de Cristo e a renovar nossa esperança no caminho da fé. Em um mundo marcado por tantas sombras e incertezas, a Transfiguração nos recorda que nossa vocação última é a glória com Deus, é a participação na luz eterna que não se apaga. O Evangelho de hoje, segundo São Lucas (Lc 9,28b-36), nos narra que Jesus levou Pedro, João e Tiago ao alto de um monte para orar. Enquanto orava, seu rosto mudou de aparência e suas vestes ficaram resplandecentes de brancura. Ao seu lado apareceram Moisés e Elias, que conversavam com Ele sobre a sua paixão. A oração de Jesus não apenas o conecta ao Pai, mas manifesta sua verdadeira identidade como Filho de Deus. A glória que ali se revela não é uma ilusão...

Dia do Senhor Bom Jesus: um convite à fé viva e à esperança concreta

  O Dia do Senhor Bom Jesus, celebrado em 6 de agosto, é uma expressão profunda e significativa da fé católica no Brasil. Como arcebispo emérito, tenho acompanhado com admiração o fervor desta devoção que, desde tempos antigos, une o povo em torno da figura de Jesus Cristo como Senhor e Salvador que se faz próximo, especialmente nos momentos de sofrimento e dificuldade. Esta celebração coincide com a festa da Transfiguração do Senhor, evento no qual o Cristo sofredor revela aos discípulos o seu rosto de glória, sinal de esperança para todos nós. A Transfiguração nos lembra que o sofrimento, embora real e doloroso, não é o fim da história. Em Jesus, o sofrimento é transformado em luz, a cruz é caminho para a ressurreição, e a morte se rende diante da vida nova que Ele nos oferece. No contexto brasileiro, a devoção ao Senhor Bom Jesus ganha cores e sons únicos, manifestando-se em romarias, missas, procissões e gestos de fé que refletem a força do Evangelho nas comunidad...

São João Maria Vianney e o dom do sacerdócio

  “O sacerdote é o amor do Coração de Jesus” (São João Maria Vianney) Celebramos no dia 4 de agosto a memória de São João Maria Vianney, o santo Cura d’Ars, patrono de todos os padres. Sua vida, marcada pela simplicidade, penitência e ardor missionário, continua a inspirar e interpelar a vocação sacerdotal nos dias de hoje. Nascido em 1786, em Dardilly, na França, João Maria Vianney cresceu em uma família camponesa profundamente cristã. Desde cedo, sentiu o chamado ao sacerdócio, mas teve grande dificuldade nos estudos, especialmente no latim, o que quase o impediu de ser ordenado. No entanto, sua perseverança e vida de oração conquistaram a confiança de seus superiores, e ele foi ordenado sacerdote em 1815. Pouco tempo depois, foi enviado à pequena e esquecida aldeia de Ars, onde viveria o restante de seus dias. Ars era um vilarejo indiferente à fé, mas o zelo pastoral do Cura d’Ars transformou completamente aquela comunidade. Ele passava horas e horas no confessionár...

Homilia – 18º Domingo do Tempo Comum Cuidado com a ganância. Ela ilude! Nossa segurança é em Cristo!

 “A vida de um homem não consiste na abundância de bens” (cf. Lc 12,15) Amados irmãos e irmãs, A Palavra de Deus deste 18º Domingo do Tempo Comum nos convida a refletir sobre a tentação da ganância, a ilusão da segurança nos bens materiais e o chamado a buscar os tesouros do alto, que permanecem. Na primeira leitura, do livro do Eclesiastes (Ecl 1,2; 2,21-23), ouvimos o famoso lamento: “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade!” O autor sagrado, numa espécie de exame existencial, constata a inutilidade de se acumular riquezas com tanto esforço e fadiga, quando tudo isso pode passar a outros que nada trabalharam por elas. Trata-se de um olhar lúcido e crítico sobre a limitação das coisas terrenas. Mesmo quando alguém se dedica com sabedoria, ciência e êxito, ao final tudo pode parecer vão. A pergunta que se impõe é: para que serve acumular, se a vida é breve e incerta? O salmo 89(90) prolonga esse olhar contemplativo da existência ao rezar: “Vós fazeis voltar ao pó todo m...